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poesia

onde as carnes se secam
onde as carnes se secam em meio às pocinhas da terra encharcada a gotas de sal a serem pisadas vez ou outra por quem tem fome há grama que cresce há flores ainda por cima ...
Primeiro o Som
Primeiro o Som Daí veio e eu vi o Trio na varanda e procurei o céu Vi Três seres nas cores branco, verde e vermelho E o cigarro aceso. Daí pensei E entendi aquilo de encontrar um espaço, de se sentir em casa – reunido ...
Poemas
leões mansos que nos rodeiam em silêncio honram o sagrado território do amor. tudo o que passa é apenas semelhança, é preciso urgentemente uma cirurgia no coração. é preciso preencher estas linhas também como pontos e grampos na pele profanada. é o silêncio assassino dos leões mansos aquilo que nos conforta, a natureza dupla de um rugido de mil leões mansos enjaulados...
Poesia da Menstruação
Parte I Algo com papel que não sei explicar O sangue começa manchando as três linhas da folha Que é branca mas não de leite Que não é leite mas é quase é sangue Que jorra em bacias vulcânicas A cada ciclo lunar Avulso oculto Natural ...
Amanhã alguém morre no samba
quanto do tempo daqui até o teu sexo abrir jardins e fazer caminho de abelha vindo do mar abrir um livro e penar sobre o teu pássaro e não morrer ali ...
Mareorama
uma coluna tão reta às 11 da manhã numa praia deserta porque é dia de semana é um convite a matar todas as aulas ...
Fevereiro
Ingestão de dietilamida e ninguém não sorri debaixo do sol, dançando amargo-salivado, agarrado nas bandas do nbome (que todo mundo resolveu falar e se fazer de preocupado agora, como se amargar nunca fosse utilizado como parâmetro de qualidade; e eu também, só sommelier nóia e charlatão).
Hoje à tarde fez sol mas é noite e chove
Meditamos sobre a morte e permanecemos atentos ao uivo da noite. Todos os dias acordamos e, como se olhássemos o mundo, abrimos a janela do quarto, a cortina da sala. Do outro lado os prédios, as ruas, os cabos telefônicos. Do outro lado as praças, as praias, os carros...
TSUNAMI
Quando o tsunami chegou como sempre sem ser anunciado eu levava na mochila o 'Óleo das horas dormidas' do Leo, livro que aliás o Leo tinha me mostrado logo após uma onda estranha que também havia levado alguns de seus pertences ...
lajeado
uma lua de nuvem no sol das águas enquanto propago palavras em bolhas ...
o iniciado II
quem te dá nome te fere te fura nem fome oferece nem some figura que mundo ignora não cora não cura madeira que seca num fundo ternura te cheira e consome te peca insegura ...
Os Rumos da História in A Minor op. 9 no 1
Churchill faz pizza de mussarela e distribui aos ratos de nova iorque. Aristoteles corta os pulsos, não quer mais viver. Levi-Strauss enlouqueceu, mas não deixa de tomar café na quinta avenida às 3 p.m em ponto. ...
Corpo em ruínas: a convulsão p(r)o(f)ética da palavra
Como adverte o próprio título/subtítulo, Corpo de Festim – Antropoemas, responde à necessidade de instaurar um olhar antropológico sobre a realidade humana, tanto em sua dimensão social quanto psicológica. Transcendendo a condição de mergulho catártico, os poemas de Alexandre Guarniei, a priori, sinalizam uma preocupação não apenas estética.
Poema
diríamos: pedra sobre pedra, um gesto - animal feroz que dissimula as mordaças. eu pousaria minha testa sobre a tua. diríamos: névoa embaraçosa, ferro sobre fogo, uma tosse durante o dia, um embalo prosaico à tarde.
As maritacas voam porque berram
Não, não é muito lírico. Nem limpo. O título pesado sugere o que acontecerá. Betoneira é a máquina usada para misturar os materiais que produzem concreto: pedra, água, cimento e areia. E nessas quatro partes é que se divide o segundo livro de poemas de Thiago Cervan.
Dada
Se perdeu entre outras linhas Retas, curvas, sobrepostas, cruzadas Tangentes à razão e à insanidade ...
Um ponto cego nos dias
Mais cotidiano que o cotidiano (2013, Azougue) sugere muitas perguntas. Ao imergir no cotidiano (subst. m.) para extrair dele, como em uma mina, o que seria mais cotidiano (adj.) que o tal, Alberto Pucheu assume a difícil tarefa de imergir na água grossa que nos cerca todos os dias.
2 poemas
é o menino que pra onde foi menino? da mesma mãe de palavras e por tantas outras talvez sim menino plural dele mesmo fugiu de sua casa tinha lá as suas coisas de brinquedo de menino
O amadurecimento dado a mim por um jornal
Xu Lizhli foi um poeta chinês contemporâneo. Ele se suicidou no dia 30 de setembro desse ano, quando ainda tinha apenas 24 anos. Trabalhava na empresa originada em Taiwan, Foxconn - que tem em seu histórico dezenas de tentativas de suicidio por seus funcionarios. Sua poesia tem o sentimento de exploração e de falta de significado que grande parte dos trabalhadores chineses contemporâneos carrega.
sombras de goya
meu amigo, estais enlutado, com alguém que acabou de perder o esteio mas que sabe que a vida continua. e continua, e é preciso ironizá-la. choras porque sabes que o caminho não é tão curto, que encontrarás nas árvores mais altas a flor nascendo e que o fruto, se não comido, apodrecerá.
catar-se
meu corpo é uma usina de tártaro e metal rasgado pulsando em vertigens gerando luz de estrela em céu deserto ...
pedra de rio
Tentei aparar com as mãos o som da água nascente que corria e vi sua trança cristalina avançar no mundo corrente e perseverante a água seguia constante o seu fluxo de vida ...
Na seção infantil
- quando eu casar com o joão, nós vamos brincar todos os dias o dia todo! - casar com o joão? - é, mãe. - mas filho... você não prefere casar com uma menina? - não, eu vou casar com o joão.
Em via
I ao viandante idos os mapas a bússola o astrolábio resta a velha nau
4 Poemas
– quer dizer, então, que os insetos não sentem afeto? – você poderia pisá-lo agorinha mesmo esmagar com a sola do seu sapato aquela formiga ou aquele percevejo – e eles, ainda assim, não sentiriam nada?
Vestidinho Azul
No epicentro do quarto um vestidinho azul, decote perpendicular à língua, de uma eloquência leitosa e impávida, com teus seios redondos como dois seios redondos, duas maçãs mordidas; ...
Você quer construir um malabarismo
Você quer construir um malabarismo Oh, a grande obra Oh, o mesmo quarto há trinta anos você vai descobrindo aos poucos os contornos por favor não faça comparações ...
Lunalunarium
Lunalunarium é um livro de Mariajosé de Carvalho publicado pela Massao Ohno (editora responsável por publicar, entre outros, Roberto Piva e Claudio Willer) em 1976. A poeta, atriz, dramaturga e tradutora, que durante muito tempo foi uma intelectual importante na vida cultural brasileira, foi marginalizada já pela própria geração.
Entrevista com Alberto Pucheu
Eram nove horas da manhã quando encontramos Alberto Pucheu na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pucheu, que é professor há mais de dez anos, seguiu carreira em Filosofia para depois se doutorar em Literatura – talvez mais um de seus esforços de quebrar as barreiras que existem entre esses dois mundos.
Antes que eu me esqueça
“Antes que eu me esqueça” é um curta-metragem de Jairo Ferreira. Foi filmado em 1977, no lançamento do livro de mesmo nome de Roberto Bicelli. O poeta fazia parte, junto com nomes como Claudio Willer e Roberto Piva, do grupo surrealista de São Paulo.
enlouquecer então nascer
há um muro descascado no caminho para a praia nele uma linha simples uma linha só liga um tijolo ao outro sem interrupções sem internamentos ...
3 poemas de Roberto Bolaño
A poesia entra no sonho como um mergulhador num lago. A poesia, mais forte que ninguém, entra e cai a prumo num lago infinito como o Lago Ness ou turvo e desafortunado como o lago Balatón. ...
círculos no silêncio
círculos no silêncio ando em voltas e observo no galo aquilo que foi dito em poema me desloco na quietude do espaço e ando em margens de águas secas ...
Epigramas
Pablo Cruz Villalba é um poeta mexicano. Nascido na Cidade do México, Epigramas (2014), é seu primeiro livro. Dele foram extraídos os poemas traduzidos abaixo.
Três Poemas
você sabe quantos dedos tem uma mão? geralmente as pessoas nós pensamos que sabemos quantos dedos tem a mão. eles nascem crescem reproduzem...
Alergia
Até as minhas cascas alérgicas os travesseiros de pedras cada esmalte velho na caixa cada verso abandonado junto a poeira acumulada ...
ou tua forma
ou tua forma inevitável um ponto cego agudo grave um pequeno caminho da ponta do teu pé até teu cotovelo um horizonte visto por cima um oceano ...
Os poemas de Gregório
"Gregório percorre séculos e gerações de equívocos, do soneto ao poema concreto, do verso sófico à blague. E ao longo do livro um espírito infantil percorre e dá vida, momentaneamente, às ilusões perdidas, aos cânones tão caros aos antepassados."
às aves de rapina
Alucinei um lar três filhos e a paz que nunca tive as horas correm seus ponteiros perfurando minha carne eu necessito de mais tempo eu preciso conhecer o amor quero exigir um dia de chuva para cada dois de sol ...
Aposta Sobrenatural – 14 Amores
Minhas linhas do destino estão em braile Não vejo nada além do além Fiquei dançando, já findo o baile Cigarro apagado, nos olhos brasa Vê um baralho pra última aposta De quem será que a morena gosta?
Ele & ela
Ele & ela (cancerigenamente) Deixam a mão amor tecendo - e se os sons nunca parassem? - Sem querer Rilkocheteia Seu cabelo juntando meus pés ao chão feito um bonde ...
Entre…
Em Noiva, Rezende investe no hibridismo do texto, e parece apontar à noção antiga de que a linguagem não é nem poesia nem prosa, mas seu intermédio. Verso, prosa, prosódia, especulações e diários de viagem são dispostos ao modo de pequenas esculturas textuais.
A casa de YashQuish

De Mario Santiago Papasquiaro (1953 – 1998),  poeta mexicano que fundou junto com Roberto Bolaño o movimento Infrarrealista na década de 70. Sua poesia se caracteriza por uma escrita forte e ácida, fruto do que o poeta convocava para si como forma de existência.