Corpos onde a cidade se repete:
(depois
de derramar antigas bocas sobre outra água):
quase
elidem alguns órgãos alarmados
— em meio às ferragens —
no
casulo do calendário?
contaminamos
um
espelho com a casa que nos propaga:
(sob
sua solidão):
contaminamos
um
desejo com a fala que nos escava
— cotidianamente —
deitar
entre as horas
na
areia da íris:
forrando
as fissuras que infestam minhas asfixias:
aceito o silêncio que se dispersa (que nos espalha)
sempre
pelas paredes — nas escadas; nas encostas —
do
diafragma: até um ritmo me receber:
também
quem sabe ao largo — sobretudo ao largo —
desta
última inexistência;
apesar
da
ferida no fundo
do
olho
frio:
há manhãs — sucintas —
em
que excedemos o tempo:
apenas
despejando alguma dúvida
entre
migalhas
de
medula
— lembra? —
reacenderemos
o
sismo que aos poucos
desocupa
a
massa
ocular:
(para
talvez recolher o calor
de
seus escombros):
na
borda da afasia;
já
quase fora
da
afasia:
começa a transfiguração — a transposição —
das
sílabas: (aqui):
começa
a transmissão — espontânea —
das pupilas;
numa
noite de repente
concisa?
procuro
aproximar o rosto do que não é ainda língua:
(do
que não é mais língua):
após
outro princípio
— claro —
de
proliferação?
nasce: em mim: por mim: contra mim:
um
gesto anfíbio — frente a qualquer insuficiência —
roer
relâmpagos;
até o talo:
carregando a memória — exigente —
dos
dias em que ressuscitamos:
(ao
enfim desistir
de
relatar?):
alavanco
a garganta de uma imunidade
estranha
aos
mínimos estilhaços
em
nossos labirintos
— enquanto
alguns desamparos se afastam da apatia —
os mares a que ainda nos doamos;
todos
esses mares — onde logo convalesceremos —
aguardam
outra indeterminação (outra deterioração)
inaugural:
aderindo
a uma anemia
limítrofe?
não
venho fechar palavras
sobre
os
poros — entre pânicos —
dentro
de
pedras:
um novo rumor aloja (acidentalmente)
esta
respiração provisória
— drenando
os sinais da distância que me dissolve —
rente
ao
rosto:
movemos
uma
imensa necessidade
de
enigmas