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poesia

Para acabar com o julgamento de Deus
Texto-poesia retirado de uma transmissão radiofônica realizada por Antonin Artaud (como autor e narrador) e por alguns de seus amigos (Roger Blin, Marie Casarès e Paule Thévenin) que além de narrarem o ajudaram na produção dos efeitos sonoros durante a transmissão.
hoje Deus me falou
hoje Deus me falou: a barragem rompeu! estamos passando por um momento de transformação não é nada pessoal o ano tá foda pra todo mundo ...
pequena história real
na cidade grande não se divide eram três irmãos um mais velho advogado um mais novo advogado uma criança que queria ser advogada por causa do pai que também era advogado mas imagine senhor que na cidade grande não se divide ...
Assêmico-Panssêmico
"O todo de um texto ou desenho aparece diante de nós como uma 'coisa' assêmica, indecifrável para o intelecto, que não reconhece a linguagem; mas, ao mesmo tempo, pode ser significativo (e, sim, belo) para o ... gosto, percepção ... solicitando algum tipo de empatia."
poema besta
I olho um pouco acima do ombro e tento localizar o exato do teu ritmo, a tua ininterrupta geografia - como se num dia de agosto a praia compensasse os temores, amenizasse os anseios.
Melany
Será mesmo outra sessão? (the big brother [circa 1943]), a enfermeira com estilhaços além da própria visão, cuida das próprias feridas como se fossem de uma outra que tem a morte nas mãos e diz que a noite não demora muito à forçar os seres adentro de si ...
Um manifesto, nem isso
Hoje é o aniversário da execução de García Lorca e se alguma coisa mudou desde então, foi pra pior eu estou na Central do Brasil esperando que alguém me ligue com uma notícia boa ...
Poemas
quantas coisas acontecem numa tarde mas como cortam a luz da casa pena de pássaro oculto no meio da sala sem luz na casa temores tecer uma lastra de palavras e nada teus poemas para levar à morte por abrir tudo o que não posso a casa aos vagabundos essa ausência de clareza que nos arrasta
conceição
eu apago a luz do jardim e fecho as persianas a lagoa lá longe com suas colunas de luz e a moldura das árvores que sucessivas gerações ...
Móbile
quanto do tempo daqui até o teu sexo abrir jardins e fazer caminho de abelha vindo do mar abrir um livro e penar sobre o teu pássaro e não morrer ali ...
IV
Às vezes, quando choro, procuro um sobrepeso qualquer no corpo, um distúrbio qualquer no rastro.  O baque e todos nós na beira do caminho, em conformidade com as rochas que não conseguem subtrair os próprios esforços...
em meio ao nevoeiro
em meio ao nevoeiro as estrelas explodiam no universo do meu peito tua galáxia distante se aproximava na velocidade da luz o tempo não existe nem importa ...
O fogo
no retorno à linguagem primitiva o poeta faz a condição: maneja a alquimia conhece os mistérios das plantas a eficácia da magia.
onde as carnes se secam
onde as carnes se secam em meio às pocinhas da terra encharcada a gotas de sal a serem pisadas vez ou outra por quem tem fome há grama que cresce há flores ainda por cima ...
Primeiro o Som
Primeiro o Som Daí veio e eu vi o Trio na varanda e procurei o céu Vi Três seres nas cores branco, verde e vermelho E o cigarro aceso. Daí pensei E entendi aquilo de encontrar um espaço, de se sentir em casa – reunido ...
Poemas
leões mansos que nos rodeiam em silêncio honram o sagrado território do amor. tudo o que passa é apenas semelhança, é preciso urgentemente uma cirurgia no coração. é preciso preencher estas linhas também como pontos e grampos na pele profanada. é o silêncio assassino dos leões mansos aquilo que nos conforta, a natureza dupla de um rugido de mil leões mansos enjaulados...
Poesia da Menstruação
Parte I Algo com papel que não sei explicar O sangue começa manchando as três linhas da folha Que é branca mas não de leite Que não é leite mas é quase é sangue Que jorra em bacias vulcânicas A cada ciclo lunar Avulso oculto Natural ...
Amanhã alguém morre no samba
quanto do tempo daqui até o teu sexo abrir jardins e fazer caminho de abelha vindo do mar abrir um livro e penar sobre o teu pássaro e não morrer ali ...
Mareorama
uma coluna tão reta às 11 da manhã numa praia deserta porque é dia de semana é um convite a matar todas as aulas ...
Fevereiro
Ingestão de dietilamida e ninguém não sorri debaixo do sol, dançando amargo-salivado, agarrado nas bandas do nbome (que todo mundo resolveu falar e se fazer de preocupado agora, como se amargar nunca fosse utilizado como parâmetro de qualidade; e eu também, só sommelier nóia e charlatão).
Hoje à tarde fez sol mas é noite e chove
Meditamos sobre a morte e permanecemos atentos ao uivo da noite. Todos os dias acordamos e, como se olhássemos o mundo, abrimos a janela do quarto, a cortina da sala. Do outro lado os prédios, as ruas, os cabos telefônicos. Do outro lado as praças, as praias, os carros...
TSUNAMI
Quando o tsunami chegou como sempre sem ser anunciado eu levava na mochila o 'Óleo das horas dormidas' do Leo, livro que aliás o Leo tinha me mostrado logo após uma onda estranha que também havia levado alguns de seus pertences ...
lajeado
uma lua de nuvem no sol das águas enquanto propago palavras em bolhas ...
o iniciado II
quem te dá nome te fere te fura nem fome oferece nem some figura que mundo ignora não cora não cura madeira que seca num fundo ternura te cheira e consome te peca insegura ...
Os Rumos da História in A Minor op. 9 no 1
Churchill faz pizza de mussarela e distribui aos ratos de nova iorque. Aristoteles corta os pulsos, não quer mais viver. Levi-Strauss enlouqueceu, mas não deixa de tomar café na quinta avenida às 3 p.m em ponto. ...
Corpo em ruínas: a convulsão p(r)o(f)ética da palavra
Como adverte o próprio título/subtítulo, Corpo de Festim – Antropoemas, responde à necessidade de instaurar um olhar antropológico sobre a realidade humana, tanto em sua dimensão social quanto psicológica. Transcendendo a condição de mergulho catártico, os poemas de Alexandre Guarniei, a priori, sinalizam uma preocupação não apenas estética.
Poema
diríamos: pedra sobre pedra, um gesto - animal feroz que dissimula as mordaças. eu pousaria minha testa sobre a tua. diríamos: névoa embaraçosa, ferro sobre fogo, uma tosse durante o dia, um embalo prosaico à tarde.
As maritacas voam porque berram
Não, não é muito lírico. Nem limpo. O título pesado sugere o que acontecerá. Betoneira é a máquina usada para misturar os materiais que produzem concreto: pedra, água, cimento e areia. E nessas quatro partes é que se divide o segundo livro de poemas de Thiago Cervan.
Dada
Se perdeu entre outras linhas Retas, curvas, sobrepostas, cruzadas Tangentes à razão e à insanidade ...
Um ponto cego nos dias
Mais cotidiano que o cotidiano (2013, Azougue) sugere muitas perguntas. Ao imergir no cotidiano (subst. m.) para extrair dele, como em uma mina, o que seria mais cotidiano (adj.) que o tal, Alberto Pucheu assume a difícil tarefa de imergir na água grossa que nos cerca todos os dias.
2 poemas
é o menino que pra onde foi menino? da mesma mãe de palavras e por tantas outras talvez sim menino plural dele mesmo fugiu de sua casa tinha lá as suas coisas de brinquedo de menino
O amadurecimento dado a mim por um jornal
Xu Lizhli foi um poeta chinês contemporâneo. Ele se suicidou no dia 30 de setembro desse ano, quando ainda tinha apenas 24 anos. Trabalhava na empresa originada em Taiwan, Foxconn - que tem em seu histórico dezenas de tentativas de suicidio por seus funcionarios. Sua poesia tem o sentimento de exploração e de falta de significado que grande parte dos trabalhadores chineses contemporâneos carrega.
sombras de goya
meu amigo, estais enlutado, com alguém que acabou de perder o esteio mas que sabe que a vida continua. e continua, e é preciso ironizá-la. choras porque sabes que o caminho não é tão curto, que encontrarás nas árvores mais altas a flor nascendo e que o fruto, se não comido, apodrecerá.
catar-se
meu corpo é uma usina de tártaro e metal rasgado pulsando em vertigens gerando luz de estrela em céu deserto ...
pedra de rio
Tentei aparar com as mãos o som da água nascente que corria e vi sua trança cristalina avançar no mundo corrente e perseverante a água seguia constante o seu fluxo de vida ...
Na seção infantil
- quando eu casar com o joão, nós vamos brincar todos os dias o dia todo! - casar com o joão? - é, mãe. - mas filho... você não prefere casar com uma menina? - não, eu vou casar com o joão.
Em via
I ao viandante idos os mapas a bússola o astrolábio resta a velha nau
4 Poemas
– quer dizer, então, que os insetos não sentem afeto? – você poderia pisá-lo agorinha mesmo esmagar com a sola do seu sapato aquela formiga ou aquele percevejo – e eles, ainda assim, não sentiriam nada?
Vestidinho Azul
No epicentro do quarto um vestidinho azul, decote perpendicular à língua, de uma eloquência leitosa e impávida, com teus seios redondos como dois seios redondos, duas maçãs mordidas; ...
Você quer construir um malabarismo
Você quer construir um malabarismo Oh, a grande obra Oh, o mesmo quarto há trinta anos você vai descobrindo aos poucos os contornos por favor não faça comparações ...
Lunalunarium
Lunalunarium é um livro de Mariajosé de Carvalho publicado pela Massao Ohno (editora responsável por publicar, entre outros, Roberto Piva e Claudio Willer) em 1976. A poeta, atriz, dramaturga e tradutora, que durante muito tempo foi uma intelectual importante na vida cultural brasileira, foi marginalizada já pela própria geração.
Entrevista com Alberto Pucheu
Eram nove horas da manhã quando encontramos Alberto Pucheu na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pucheu, que é professor há mais de dez anos, seguiu carreira em Filosofia para depois se doutorar em Literatura – talvez mais um de seus esforços de quebrar as barreiras que existem entre esses dois mundos.
Antes que eu me esqueça
“Antes que eu me esqueça” é um curta-metragem de Jairo Ferreira. Foi filmado em 1977, no lançamento do livro de mesmo nome de Roberto Bicelli. O poeta fazia parte, junto com nomes como Claudio Willer e Roberto Piva, do grupo surrealista de São Paulo.