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literatura

Em pedaços
Do que tinha, nada a faltava. As denotações improváveis geravam prováveis paradoxos em um litoral de pensamentos que questionava se esse mar realmente a pertencia, pois andava com uma bússola sem norte. Quantas impressões a deixavam uma cachoeira aprisionada. Queria uma vida com o verbo resetar em que um marca livro virasse um marca texto.
A coisa nome
A professora, o diretor do colégio, as secretárias e os funcionários, as crianças em filas por série, dentro de cada fila uma escadinha de alturas. O som do disco antes de entrar a música parece lenha estalando no fogo.
Um lugar limpo e bem iluminado
Hemingway era um escritor de caráter prático, não um estudioso, e ele retira de estudiosos como James Joyce e Gertrude Stein apenas o que ele sentia que precisava.
O poeta está só
Carregando uma pesada cruz entre o que escrever e o que retirar de sua antologia poética, o poeta era interrompido paulatinamente por sua necessidade de se libertar. Havia cinco anos, ele trabalhava incansavelmente na construção de textos que fossem capazes de atingir a forma perfeita, a invencibilidade, o Kitsch de todos os tempos.
largo de são francisco
manhã 1 tem uma estátua bem no meio. um pombo sempre pousa em sua cabeça e fica horas por ali. será sempre o mesmo pombo?
Eu carrego um Sertão dentro de mim
Documentário inspirado em uma entrevista de João Guimarães Rosa, a biografia do escritor se confunde com um universo povoado por cantores, jagunços, coronéis e artesãos. Em vez de explicar as imagens do sertão nordestino, a voz do narrador, como a obra de Guimarães Rosa, indica veredas que atravessam e transcendem a geografia local.
Fevereiro
Ingestão de dietilamida e ninguém não sorri debaixo do sol, dançando amargo-salivado, agarrado nas bandas do nbome (que todo mundo resolveu falar e se fazer de preocupado agora, como se amargar nunca fosse utilizado como parâmetro de qualidade; e eu também, só sommelier nóia e charlatão).
Diálogos dos Bichos
Um dos primeiros livros da escritora francesa Colette, "Dialogues de Bêtes" é um texto em forma teatral publicado em 1904. Extremamente ousada, tanto na vida quanto na obra, Colette lançou mais de 50 volumes, tornou público seus relacionamentos bissexuais, escandalizou a França com cenas homoeróticas nos palcos do Moulin Rouge e foi a primeira mulher a receber homenagens póstumas do governo de seu país.
conto chileno nº1
aos nove anos chorei pela primeira vez com um poema. não sei se era bandeira ou bilac se neruda ou cecília. ou os quatro. fui com minha madrinha ao centenário de neruda. o consulado costumava chamar sempre a comunidade chilena pra essas atividades. era no auditório da abl e algumas pessoas deveriam falar. eu tinha nove anos. fomos eu e minha madrinha ao centenário do poeta chileno pablo neruda. o consulado, que naquela época fazia grandes bailes e distribuía grandes prêmios, promovia um evento no auditório do prédio anexo.
TSUNAMI
Quando o tsunami chegou como sempre sem ser anunciado eu levava na mochila o 'Óleo das horas dormidas' do Leo, livro que aliás o Leo tinha me mostrado logo após uma onda estranha que também havia levado alguns de seus pertences ...
Sobre a Comédia
Fazendo parte do aparato crítico a um ensaio do critico literário italiano Walter Siti, o vigésimo segundo capitulo do texto Sobre a Comédia de Pierre Nicole ilustra de forma concisa como os romances eram vistos pela sociedade do século XVII.
Maternidade
Andrés Caicedo, jovem prosador, jovem suicida. Colombiano de 1951 até 1977. Sua obra é considerada uma das mais originais da literatura de seu país. Indo de contra-corrente ao realismo mágico do fenômeno García Marquez, Caicedo tratava literariariamente a realidade social, pautando questões da sociedade urbana e seus problemas.
A crueldade de Dostoiévski, segundo Mikhailóvski
Alguns meses após a morte de Fiódor Dostoiévski, Nikolai Mikhailóvski, crítico russo muito envolvido com o movimento populista, de vertente socialista, e com política em geral, escreveu o artigo “Um talento cruel”. Este veio a ser muito famoso na história da crítica literária russa, pois seria uma síntese da visão que parte da esquerda russa tinha do autor, além do modo como ele foi enxergado na época da União Soviética.
Na seção infantil
- quando eu casar com o joão, nós vamos brincar todos os dias o dia todo! - casar com o joão? - é, mãe. - mas filho... você não prefere casar com uma menina? - não, eu vou casar com o joão.
A Voz Solitária
Primeira parte da tradução do ensaio introdutório ao livro “The Lonely Voice, a study of the short story”, do escritor e teórico literário irlandês, Frank O’Connor, publicado originalmente em 1963. O ensaio é considerado de grande importância para a teoria literária moderna, sendo um dos primeiros estudos de maior porte sobre o conto, no qual o autor percorre as suas teses acerca da diferença entre este e o romance...
Fábulas
Augusto Monterroso foi um escritor latino­americano de origem hondurenha. Fez parte do grupo de autores sul­americanos conhecidos a partir do Boom Literário da década de 60 e 70. Por sua obra ser formada apenas por contos, não atingiu a celebridade dos outros integrantes romancistas ­como Garcia Marquez e Vargas Llosa.
José, o que corre pela rua
Tituimos que corria pela rua. corria sem olhar para os lados esbarrando em moça de carrinho de compras. mas o que há Tituimos? para que tanta correria? sabe, tenho que ver minha esposa. me ligou dizendo que o bebê está quase nascendo. bolsa já estourou e tudo: água para todos os lados, todos os cantos, até debaixo de rodapé!
O Poeta do Castelo
"O Poeta do Castelo" é um curta-metragem de Joaquim Pedro de Andrade, um dos principais cineastas do cinema brasileiro, que nesse filme acompanha um dia de Manuel Bandeira.
Carta ao mestre
Vi hoje o julgamento da inocente, Mestre, e sua condenação à morte. Vislumbrei a beleza mais delicada e tênue e assisti à violência humana que não suporta o belo, que destrói a inocência aos risos. Tens resposta para isso, tu que sempre me voltas esse olhar complacente de quem compreende a infantilidade de meus julgamentos como uma doce memória da sua própria infância?
Entrevista com Alberto Pucheu
Eram nove horas da manhã quando encontramos Alberto Pucheu na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pucheu, que é professor há mais de dez anos, seguiu carreira em Filosofia para depois se doutorar em Literatura – talvez mais um de seus esforços de quebrar as barreiras que existem entre esses dois mundos.
Quatro Parábolas Fantásticas
Ele amanheceu parado aqui mesmo. Na noite anterior tinha entrado no escuro. Demorou para voltar. Quando voltou – foi amanhecido – disse que noite anterior tinha sido perdida...
Vielas e Desvios
Não sei ao certo que nome dar a isso, a essa sensação que me aflige já há algum tempo. Não sei se foi minha negligente procrastinação frente a maturidade que a vida vem me cobrando de anos para cá. Nunca fui um sujeito focado, definitivamente, se alguma alternativa fosse avistada, certamente seria adotada uma nova rota, um pequeno contorno que me permitisse aliviar minhas tensões.
Pedro Arma
O imperativo de ficar é falso, não compre. É vontade de berço. As pessoas veem, mas não entendem. Isso aqui tem um limite. Há de se separar do útero, há de se afastar de casa, tenha o amor que lhes é de direito, pelos pais e mais ainda que possa, o quanto possa, pelos irmãos, mas vá.
Ars gratia artis: ativismo literário
Condenado à morte, o jovem escritor Fiódor Dostoiévski se vê diante do pelotão de fuzilamento após meses sabendo de antemão o exato momento de seu próprio assassinato. No último minuto de vida, a sua pena é comutada para singelos quatro anos de Sibéria. A razão da sentença? Ler em público a carta do crítico Belínski para Nikolai Gógol.
Ferver antes de coagular
Começo por baixo, é assim que sempre começo. Vou me embalando devagar, me embriagando sem cessar e de repente já vejo as coisas de cima. Cartografias sentimentais. Jaz aqui passado e futuro entrelaçados me imobilizando no momento já. Não me movo. Por muito tempo sou só pensamento. Quero nascer.
Cenas Cariocas
"Tudo parado no Catumbi. Muita luz, muita buzina, muito carro. As motos passam, as bicicletas passam e os pedestres passam. Uma tartaruga passaria. Preferi o busão hoje. Troquei a sardinha pelo linguado no vapor. Queria o cinema na janela, o banco do fundão, mas só consegui uma cadeira amarela de idoso torcendo pra que nenhum entrasse." Crônicas de Carlos Meijueiro sobre 2013
pequena história mensal

ainda não conto nada formaturva derrete meu pé o transforma em troféu vai colocar na estante de quem meu filho? acho que do papai muito mais que do vôvô mamãe. vovô não se acentua vôvô. e como você sabe mãe? porque mãe é mãe meu filho. ah que coisa obscura o teto sereno hora da poesia

Lar

Em terra firme e feitas as mudanças, demoraram semanas para organizar a mobília, tirar a poeira do novo apartamento. Passavam os dias cantando canções tristes e pensando na morte, serenamente.

Tantas perguntas a Rubens Figueiredo

Rubens Figueiredo é professor, tradutor e escritor. Ganhou dois Jabutis pelas suas ficções, um em 1998 por As Palavras Secretas, e outro em 2002 por Barco a Seco. Como tradutor, já publicou uma extensa lista com mais de 50 títulos.

Da leveza das âncoras

Às vezes o acaso parece me pregar uma peça. Parece puxar a minha saia e me exibir despudorado. Parece me tropeçar e me deixar estendido igual roupa velha. O acaso às vezes me faz parecer ridículo. Uma profunda deselegância, inerte à qualquer resposta minha.

As Babas do Diabo

As Babas do Diabo é um conto de Julio Cortázar, um dos mais influentes escritores argentinos. Original e inovador, Cortázar se notabilizou por experimentar novas formas narrativas em suas obras.

Pedro Paulo, anos depois

EU VEJO coisas piores, eu vejo coisas sem dono, eu vejo o que tudo que há, eu vejo o que não há de ser, e eu vejo o que não há de se pensar, logo, por águas baixas eu já andei, e por cima de morro eu corri, e pelas estradas velhas os carros passaram por mim, e eu olhei pelo retrovisor e vi o meu rosto suado sofrendo com o calor, e toda a atmosfera que me rodeava estava de parada, e esteve sempre assim.

Curou

Curou.  Principalmente na batata.  É, mais ou menos.  Tem dado umas fisgadas mas por enquanto tá tudo bem.  Não, não.  Isso.  Só fui uma vez só.  Nada de incrível.  É.  Mas foi tranqüilo, o hospital que demorou um pouco, mas de resto foi tranqüilo, o doutor, é, o nome dele era Ignácio José.  Ele veio dando uns tapas pra ver se tinha fraturado, coisa de louco.

Pedro Paulo, anos atrás

Já vi coisa pior, briga de gente não é nada. Vi coisa pior de lá de onde vim e lá em minha casa mesmo. Tinha dias que tinha até vidro quebrado embaixo de porta (e furava o pé, sim senhor!). Sangue e tudo mais pingando por aqui e lá. Depois vinha esfregão e rodo para lavar tudo e a casa ficava quieta de novo, como num passarinho só a piar na copa da árvore que chegava pela janela. E eram nessas horas que tudo ficava mais que calmo que ela vinha a correr para brincar de briga de novo. Mas que diabos! eu sempre acorria de ter esses desejos por ela e me enfurnava embaixo dos lençóis. Mas lá vinha ela com vidro e copo na mão, queria brincar, e queria a mim também, “mas que brincadeira é essa, minha querida?". Tem que ter gana para brincar com aquela mulher (tem que ter amor também, mas isso já é outro negócio)..

Maria Leporina

Conto do escritor carioca ganhador do Prêmio Sesc de Literatura de 2013. João Paulo Vereza mora em São Paulo e trabalha como redator publicitário. Seus contos, de histórias leves, carregam quase sempre um tom irônico.

Nossa! O que há com teu peru?

Hilda Hilst é considerada um dos maiores nomes da literatura brasileira do século XX. Poeta, cronista e ficcionista, morreu em 2004 na cidade de Campinas. “Nossa! O que há com teu peru?” é um crônica publicada, originalmente, no jornal “Correio Popular”, da cidade na qual a autora faleceu. Também integra o livro “Cascos & Carícias’, da Globo Editora.

Aí Pelas Três da Tarde

“Aí pelas Três da Tarde” faz parte do livro “Menina a Caminho” de Raduan Nassar, que reúne contos escritos pelo autor ao longo de sua vida. Uma das figuras mais polêmicas da literatura brasileira, lançou apenas dois livros

geração mimeógrafo e poetas de centro cultural

há uma figura bem conhecida dos frequentadores de cinemas, museus e centros culturais: os poetas que oferecem suas zines pelo preço que você mesmo sugere. “poesia, jovem?”, “quer poesia?” ou, a minha preferida, “você gosta de poesia?”, são algumas das frases que esses jovens (às vezes nem tão jovens assim) usam para se aproximar dos transeuntes.

Mais um dia e mais um baque
Vinícius era viciado em heroína, não muito diferente de Rafael que era viciado em pó, não muito longe de Stephanie que era ninfomaníaca, um pouco distante de Carlos que era viciado em crack, Renata que era viciada em Tv, Francisco que era viciado em refrigerante de Cola, Humberto que consumia água raz (...)
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