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Fábulas

dezembro, 2014

Augusto Monterroso foi um escritor latino­americano de origem hondurenha. Fez parte do grupo de autores sul­americanos conhecidos a partir do Boom Literário da década de 60 e 70. Por sua obra ser formada apenas por contos, não atingiu a celebridade dos outros integrantes romancistas ­ como Garcia Marquez e Vargas Llosa. No entanto, seu conto “O Dinossauro” tem a fama de ser o menor conto do mundo, abrindo espaço para o gênero de mini­conto:

Quando ele acordou, o dinossauro ainda estava lá.

Seus contos são, na maioria dos casos, bem curtos -­ de um a três parágrafos -­ o que faz sua leitura ter um ritmo a partir de frases breves e repetição do tratamento de temas recorrentes em sua obra. Seu livro A Ovelha Negra e outras Fábulas ­ publicado pela Cosac Naify no Brasil ­ contém fábulas que subvertem a regra do gênero de “moral da história” a transformando em imoralidade subjetiva. Os dois contos aqui publicados foram retirados dessa edição, com tradução de Millôr Fernandes.

 

O Raio que caiu duas vezes no mesmo lugar

Houve uma vez um Raio que caiu duas vezes no mesmo lugar; porém achou que na primeira tinha feito estrago suficiente, que já não era necessário, e ficou muito deprimido.

 

 O Macaco pensa nesse tema

Por que será tão atraente ­ pensava o Macaco noutra ocasião, quando deu com a literatura ­ e ao mesmo tempo tão sem graça esse tema do escritor que não escreve, ou daquele que passa a vida se preparando para produzir uma obra-­prima e pouco a pouco vai se convertendo em um mero leitor mecânico de livros cada vez mais importantes mas que na verdade não lhe interessam, ou o recorrente (o mais universal) daquele que quando aperfeiçoou um estilo descobre que não tem nada a dizer, ou o daquele que quanto mais inteligente é, menos escreve, enquanto à sua volta outros talvez não tão inteligentes como ele e a quem ele conhece e despreza um pouco publicam obras que todo mundo comenta e que o efeito às vezes até são boas, ou o daquele que de alguma forma conseguiu fama de inteligente e se tortura pensando que os amigos esperam dele que escreva alguma coisa, e o faz, com o único resultado de que os amigos começam a duvidar de sua inteligência e de vez em quando se suicida, ou o daquele idiota que se julga inteligente e escreve coisas tão inteligentes que os inteligentes se admiram, ou o daquele que nem é inteligente nem idiota nem escreve nem ninguém conhece nem existe nem nada.

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