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artigo/ensaio

Béla Tarr e o Cinema da Indústria
"O Cinema da Indústria progrediu em mega-indústria e mega-cinema mas será que se manteve exatamente igual? Não é nenhuma surpresa que Cidadão Kane seja considerado o maior filme de todos os tempos, um filme sobre vender a si próprio correnteza abaixo, ao lado de bronze, madeira e carvão..."
Um lugar limpo e bem iluminado
Hemingway era um escritor de caráter prático, não um estudioso, e ele retira de estudiosos como James Joyce e Gertrude Stein apenas o que ele sentia que precisava.
Foto de Vitor Faria
Numa cidade empresa, o corpo humano é a principal matéria-prima do desenvolvimento econômico por absorção, ou seja a criatividade é o grande mote do jogo estrutural do capitalismo, devido à capacidade resiliente estar fortemente ligada à capacidade criativa de resolver problemas do sistema. Ensaio de Jeferson Andrade
A jovialidade de um Édipo à francesa
A perspectiva crítica de Malle parece destinar-se a uma abordagem do incesto na cultura ocidental como algo que está baseado em uma tentativa de universalizar as asserções do tabu, justificando cientificamente a interdição, bem como demonstrar como a proibição do incesto é um índice de como as sociedades ocidentais estão inteiramente estruturadas por uma série de questões ontológicas que buscam separar a cultura da natureza.
Teoria do Cinema Feminista – Parte III
Ainda que as feministas não tenham sempre concordado com a pertinência da psicanálise, há um consenso sobre as limitações de se focar exclusivamente na diferença sexual. Uma dessas limitações é a reprodução de determinada dicotomia, masculino-feminino, que precisa ser desconstruída.
Violência como drible discursivo: arte brasileira na ditadura
Os anos 60 e 70 no Brasil foram marcados por uma produção artística efervescente. Situados num contexto político delicado, protagonizado pela ditadura militar, foram o momento no qual era preciso repensar o fazer artístico e seu alcance e ressonância social. Ainda que as artes visuais fossem a categoria menos perseguida pela censura, muitos artistas do período produziram obras de caráter político e contestatório como forma de reagir ao regime vigente.
On Kawara is dead.
Os dias se tornam datas em Today Series, os acontecimentos do cotidiano perdem os referenciais subjetivos que são necessários na criação de nossas mitologias pessoais e passam a ser decodificados como data, traçando um vínculo apenas com o espaço em que foi materializada em tela pelo formato escolhido. Artigo de Aline Besouro
Som e mise-en-scène
Quando a câmera enquadra uma determinada paisagem, personagem ou objeto, aquilo que é deixado fora-de-quadro não vai mais aparecer. Porém com o som o processo já parece ser distinto. Por mais que determinado objeto, paisagem ou personagem não esteja em quadro, ele vai povoar aquela mise-en-scène de maneira tão radical como se estivesse visível.
Teoria do Cinema Feminista – Parte II
A explicação do “olhar masculino” como uma lógica estruturante na cultura visual ocidental se tornou controversa no início dos anos oitenta; ele não dava espaço tanto para a espectadora mulher quanto para o olhar feminino.
O Fantasma do Relevo no Cinema Contemporâneo
Que pontos comuns poderíamos encontrar nas trajetórias de Werner Herzog, Wim Wenders, Martin Scorsese, Peter Greenaway, Jean-Luc Godard, Jean Claude Brisseau e Bernardo Bertolucci? Muitos, é lógico, tendo em vista que se tratam de grandes nomes daquilo que poderíamos chamar de cinema moderno. Contudo, nos últimos anos, foram eles que despertaram certa surpresa ao proporem pesquisas estéticas e artísticas inovadoras a partir da utilização de uma tecnologia que há muito não atiçava a curiosidade por parte de cineastas ligados a um certo cinema “de arte”: o 3D (ou cinema em relevo).
Teoria do Cinema Feminista – Parte I
O feminismo é um movimento social que causou um impacto enorme na teoria e na crítica de cinema. O cinema é considerado pelas feministas como uma prática cultural que representa mitos sobre mulheres e a feminilidade, assim como sobre homens e a masculinidade.
Corpo em ruínas: a convulsão p(r)o(f)ética da palavra
Como adverte o próprio título/subtítulo, Corpo de Festim – Antropoemas, responde à necessidade de instaurar um olhar antropológico sobre a realidade humana, tanto em sua dimensão social quanto psicológica. Transcendendo a condição de mergulho catártico, os poemas de Alexandre Guarniei, a priori, sinalizam uma preocupação não apenas estética.
A crueldade de Dostoiévski, segundo Mikhailóvski
Alguns meses após a morte de Fiódor Dostoiévski, Nikolai Mikhailóvski, crítico russo muito envolvido com o movimento populista, de vertente socialista, e com política em geral, escreveu o artigo “Um talento cruel”. Este veio a ser muito famoso na história da crítica literária russa, pois seria uma síntese da visão que parte da esquerda russa tinha do autor, além do modo como ele foi enxergado na época da União Soviética.
Eu utilizo o objeto como uma palavra zero
Esta é a fotografia de um dos primeiros trabalhos de Marcel Broodthaers (1924-1976), poeta e artista belga. Trata-se de uma pilha de livros de poesia de sua autoria envoltos por uma massa de gesso. A forma plástica parece engolir a literatura: declara a inalcançabilidade do texto a favor da matéria. Resta-nos um rastro: Pense-Bête: lembrete. Uma espécie de alegoria prognóstica do que viria a ser sua obra.
As maritacas voam porque berram
Não, não é muito lírico. Nem limpo. O título pesado sugere o que acontecerá. Betoneira é a máquina usada para misturar os materiais que produzem concreto: pedra, água, cimento e areia. E nessas quatro partes é que se divide o segundo livro de poemas de Thiago Cervan.
Inferno, de Yael Bartana
Destaque da 31a Bienal de São Paulo, gerando curiosidade do público e comentários da crítica, Inferno (2013) é um trabalho de videoarte de cerca de vinte minutos da artista israelense Yael Bartana. O vídeo narra a autoimplosão do Templo do Rei Salomão durante aquilo que seria sua inauguração.
Um ponto cego nos dias
Mais cotidiano que o cotidiano (2013, Azougue) sugere muitas perguntas. Ao imergir no cotidiano (subst. m.) para extrair dele, como em uma mina, o que seria mais cotidiano (adj.) que o tal, Alberto Pucheu assume a difícil tarefa de imergir na água grossa que nos cerca todos os dias.
Como contaremos essa história?
O período da escravidão negra no Brasil ainda é uma temática turva, embaçada e confusa. Restaram-nos dos longos séculos de escravização apenas a frieza dos documentos oficiais – algumas listas com registros de comercialização de negros africanos; datas e leis referentes ao trabalho escravo - além de algumas imagens apreendidas em forma de gravura, pintura e fotografia.
Orfeu Negro: quando o teatro grego subiu a favela carioca
Um feito histórico para as artes brasileiras, a peça Orfeu da Conceição começou a ser rabiscada por Vinicius de Moraes ainda no ano de 1942, quando visitava favelas, centros de umbanda e diversos locais de tradição africana. Artigo de Vinícius Volcof Antunes sobre a obra Orfeu Negro.
Subjetividade na tela, política no cinema
A elaboração narrativa de sua família, interpretada por eles mesmos, constrói no âmbito da mise-en-scène um específico contrato com o real. Interpretações de não-atores que se assumem numa ficção.
A Voz Solitária
Primeira parte da tradução do ensaio introdutório ao livro “The Lonely Voice, a study of the short story”, do escritor e teórico literário irlandês, Frank O’Connor, publicado originalmente em 1963. O ensaio é considerado de grande importância para a teoria literária moderna, sendo um dos primeiros estudos de maior porte sobre o conto, no qual o autor percorre as suas teses acerca da diferença entre este e o romance...
Michael Haneke, o anjo exterminador
Ultrapassar o ato passivo do puro espectador e meter-se no estudo da vida e obra de Michael Haneke1, cineasta austríaco dos mais premiados da atualidade, é ver-se envolto em concepções epistemológicas sobre o Cinema, teses sobre seu possível “realismo ontológico"1, paralelismo bretchinianos e deleuzianos, mise-en-abyme2 e outros pedantismos teóricos...
Questão de Tempo
Boyhood, recém lançado nas salas de cinema do Brasil, chega badalado de expectativas por sua inovação: Linklater filmou com os mesmos atores durante 12 anos para, no fim, construir um filme que mostrasse o crescimento do personagem principal: dos 6 aos 18. Porém, o mesmo diretor já havia realizado uma experiência semelhante.
A arte, exercício de crueldade
O pintor está condenado a agradar. Não pode de nenhuma maneira transformar uma pintura num objeto de aversão. O propósito de um espantalho é espantar as aves do campo em que está plantado, mas a mais terrível pintura está lá para atrair visitantes. A tortura real pode até ser interessante, mas em geral isso não pode ser considerado como seu propósito.
Plano, potência e gesto
O que está diante de nós quando assistimos um filme como A religiosa Portuguesa? Durante breve e intensa passagem pelo Brasil, pude acompanhar as doces palavras do realizador americano radicado na França, Eugène Green. Uma no Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense e outra na sala 3 do Estação Botafogo, após a exibição de seu último filme, La Sapienza (2014). A radicalidade e a afirmação encantam a uma primeira vista.
Santiago: dois filmes em um
Tudo evidencia essa preocupação que dominava a cabeça do diretor e que o fez esquecer da pessoa-Santiago, que estava ali. Absorto em suas preocupações estéticas, o cineasta (ou documentarista, como ele prefere se chamar) parece ter esquecido que o filme era sobre uma pessoa e era nela que ele devia se concentrar.
Dois relatos a partir da exposição de Milton Machado
Sem que os autores soubessem que seriam publicados juntos, reunimos aqui dois relatos referentes à exposição Cabeça - Milton Machado, mostra importante que finalmente congrega a obra do artista no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro.
Ars gratia artis: ativismo literário
Condenado à morte, o jovem escritor Fiódor Dostoiévski se vê diante do pelotão de fuzilamento após meses sabendo de antemão o exato momento de seu próprio assassinato. No último minuto de vida, a sua pena é comutada para singelos quatro anos de Sibéria. A razão da sentença? Ler em público a carta do crítico Belínski para Nikolai Gógol.
Os poemas de Gregório
"Gregório percorre séculos e gerações de equívocos, do soneto ao poema concreto, do verso sófico à blague. E ao longo do livro um espírito infantil percorre e dá vida, momentaneamente, às ilusões perdidas, aos cânones tão caros aos antepassados."
Lucio Fontana e o Concetto Spaziale
Raramente o nome de um artista esteve tão ligado a uma única façanha como no caso de Lucio Fontana. Em 1949, montou um quadrado, uma folha de papel branco de um metro por um metro, sobre uma tela. Em vez de desenhar ou pintar sobre esta, Fontana perfurou a folha pela parte de trás com vários buracos concentrados ao centro e estendendo-se pela folha em padrões circulares e espirais irregulares.
OV3RGOZ3
Parece pouco imaginável que a síntese vital de Le Corbusier caiba nas volutas transbordantes do corpo de Josephine Baker. E não cabe mesmo. Mas é o encontro entre essas que são duas das figuras mais icônicas do modernismo (ele na arquitetura, ela na dança) que se explora no MAR.
Entre…
Em Noiva, Rezende investe no hibridismo do texto, e parece apontar à noção antiga de que a linguagem não é nem poesia nem prosa, mas seu intermédio. Verso, prosa, prosódia, especulações e diários de viagem são dispostos ao modo de pequenas esculturas textuais.
O Corpo Dançante

Deitado na cama, escrevendo este texto, vejo meus dedos passeando sobre o teclado do computador. Quando escrevo uma poesia, sinto a pressão do lápis, teso entre meus dedos e o papel; são os músculos do meu pulso que levam o grafite ao atrito, e a palavra materializada é consequência do movimento do meu corpo...

Ela – Um paraíso cartesiano

Não há contraste maior do que em pleno carnaval sair de um bloco de rua, tomar um banho para então entrar numa gélida sessão com seu devido lugar marcado em Ela, novo filme do diretor estadunidense Spike Jonze.

Saudação a Eduardo Coutinho II

Para mim, Eduardo Coutinho tanto quanto morreu, viveu. Em seus documentários, ao deixar que indivíduos, pessoas, almas aflorassem através de suas narrativas pessoais, diante de nós, meros espectadores, sem abandonar jamais uma crítica vivaz por trás disso, alcançou um tipo de perfeição ou equilíbrio que jamais vi igual.

Sobre a arte sem nome
É este visível qualquer, essa conjunção de olhares citadinos que falta à arte. A criança não conhece arte e, no entanto, sua relação com o mundo está imersa na artisticidade. Tudo é plástico na despretensiosidade.
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