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pensamento

Noigandres 4 - Mais e menos - Haroldo de Campos
Poderemos imaginar assim, alternativamente, uma história literária menos como formação do que como transformação. Menos como processo conclusivo, do que como processo aberto. Uma história onde relevem os momentos de ruptura e transgressão e que entenda a tradição não de um modo “essencialista” (...), mas como uma “dialética da pergunta e da resposta”, um constante e renovado questionar da diacronia pela sincronia.
Noigandres 4 - Uma vez - Augusto de Campos
Todas as idades são contemporâneas. (. . .) O futuro começa a se agitar no espírito de alguns poucos. Isto é especialmente verdadeiro no caso da literatura, onde o tempo real independe do aparente, e onde muitos mortos são contemporâneos de nossos netos, enquanto que muitos de nossos contemporâneos parece que já se reuniram no seio de Abraão ou nalgum receptáculo mais adequado.
Guilherme Vaz e Carlos Bedurap Zoró. Sem título, 1999.
Talvez a grande obra de Antônio Carlos Gomes tenha sido o seu próprio nascimento. No meio das matas ainda inocentes da América, num arraial de São Carlos perdido no meio das matas, pousado sobre a plataforma selvagem do planalto paulista, caminhos e pousos de pioneiros bandeirantes e entradistas rústicos que iam na direção do rio Cuiabá.
Foto: Nasa
Que significado dar à expressão "modos de criação"? Sabemos que a possibilidade de descrição racional completa do mundo não é compatível com a existência de um momento singular (o chamado big-bang), posto que todo processo físico ulterior deveria depender de quantidades impossíveis de serem definidas na singularidade.
Foto: Nasa
Não é raro que uma proposta científica relevante seja precipitadamente posta de lado, ou mesmo rejeitada como ineficiente, graças ao mau uso de uma de suas características ou à aplicação equivocada de uma formulação teórica particular que lhe esteja associada. É possível encontrar vários exemplos dessa situação em diferentes áreas da física e mesmo em outras ciências. Um caso notável ocorreu na história da cosmologia.
Foto: Nasa
Ao longo dos anos 30, descobriu-se que isso não era uma verdade, e que o universo não era um estrutura estática, mas evoluía. A medida em que se foi aceitando uma estrutura dinâmica para o universo e, nos anos sessenta, admitindo-se a ideia de que o universo está em expansão, começou-se a questionar e a pensar a partir de quando teve início essa evolução.
Guilherme Vaz e Carlos Bedurap Zoró. Sem título, 1999.
I. Qualquer objeto que não pertença à quina de um edifício feito por um arquiteto idiota é importante para a humanidade. Qualquer som que não pertença ao Grande Dragão viscoso e obscuro que se vê nas ruas inspira os ouvidos dos que respiram com alegria. Não é necessário pensar muito para que isso aconteça. Só é necessário pensar com beleza e com excelência. Isso não é uma medida de tempo. É uma medida de qualificação.
Foto: Vitor Faria
Para Angela O outro: essa palavra está sempre remoendo em quem vive longe. Remói como destino, como justiça e como injustiça. Há sem dúvida muitos modos de se viver longe. Pode-se viver longe da cada onde se nasceu, da terra e da língua onde se criou e de quem se ama ou não se ama. […]
Foto: Vitor Faria
Vivemos num mundo saturado de imagens. Tudo aparece como imagem e nada parece poder existir sem uma imagem. São tantas as imagens no mundo que não mais se consegue conceber algo assim como uma imagem do mundo. Num mundo saturado de imagens, o mundo fica sem imagem. Imago mundi, imagem do mundo, era um motivo […]
Lygia Clark, Composición, 1953.
Constatamos também que ficar enaltecendo essa liberdade de circular desencarnadamente, sem Penélope alguma a nos espelhar em sua espera (máquinas celibatárias), acaba nos desencarnando é da própria vida. Consternados, descobrimos que por ter pretendido nos livrar do espelho, o que acabamos perdendo é a possibilidade de envolvimento — como se a única ligação possível fosse a especular.
Encarte do CD "O Homem Correndo na Savana"
O que nós queremos dizer é que uma árvore é uma civilização. Como todas as civilizações, ela abriga civilizações auxiliares. Essas civilizações podem ser constituídas de seres da interface mineral, animal, passando por todas as escalas dos seres vivos conhecidos ou não, até a contenção de cargas elétricas desconhecidas, e conhecendo o mundo da matéria vestigial onde começa o mundo espiritual.
 Noigandres 4 - Branco - Haroldo de Campos
O descobrimento, ou, por assim dizer, a "invenção" de precursores é um dos corolários mais significativos da visada poética sincrônica. John Cage (Silence) cita a resposta do pintor De Kooning aos que lhe perguntavam que artistas do passado o haviam influenciado: "The past does not influence me; I influence it".
Noigandres 4 - Fala Clara - Haroldo de Campos
Enquanto o scholarship acadêmico se perde por exemplo em discutir se Gregório foi plagiário de Gôngora e Quevedo (plagiário, um poeta do qual não se conhecem manuscritos autógrafos, por ter traduzido para o português o intrincado labirinto gongorino, quando um dos brasões de glória de Ungaretti é ter feito coisa semelhante para o italiano? Um poeta que compreendeu tão bem, com aquela "imaginação funcional" ou "sintagmática" de que fala Roland Barthes, a matriz aberta do barroco, que soube recombinar ludicamente em nossa língua, num soneto autônomo - verdadeiro vértice de um sutil "diálogo textual" - versos-membros de diferentes sonetos do poeta cordovês?
Desenhos yanomamis: A noite
Quando eu era mais jovem, costumava me perguntar: "Será que os brancos possuem palavras de verdade? Será que podem se tornar nossos amigos?" Desde então, viajei muito entre eles para defender a floresta e aprendi a conhecer um pouco o que eles chamam de política. Isso me fez ficar mais desconfiado!
Desenhos yanomamis: O mutum (paruri) que simboliza a noite (titi)
Depois de ter voltado a trabalhar para a Funai, tinha visto os brancos rasgarem o chão da floresta para construir uma estrada. Eu os tinha visto derrubar suas árvores e queimá-las para plantar capim. Eu conhecia o rastro de terras vazias e de doenças que deixam atrás de si. Apesar disso, sabia ainda pouca coisa a respeito deles.
Desenhos yanomamis: A casa dos espíritos
Se não bebermos yãkoana com aplicação e não cantarmos para eles, os xapiri se recusam a vir se instalar junto de nós. Nunca chegam perto das pessoas comuns, que se contentam em viver deitadas em suas redes. Consideram-nas sujas e acham que são incapazes de ouvir suas vozes.
Lygia Clark, Escalera, 1951.
Há uma famosa frase de Mário Pedrosa que vem ressoando há várias décadas, na qual ele define a arte como “o exercício experimental da liberdade”. Esta frase, pronunciada acerca dos neo-concretos Lygia Clark e Hélio Oiticica, poderia traçar uma linha que os liga a seus antepassados do movimento antropofágico e a inúmeros de seus contemporâneos...
Desenhos yanomamis: Motoka e os filhos
Faz muito tempo, você veio viver entre nós e falava como um fantasma. Aos poucos, você foi aprendendo a imitar a minha língua e a rir conosco. Nós éramos jovens, e no começo você não me conhecia. Nossos pensamentos e nossas vidas são diferentes, porque você é filho dessa outra gente, que chamamos de napë.
Pearl of Love - Edmund Dulac
Como a Liga de Pitágoras e a Academia de Platão, também a universidade foi, até a Idade Moderna, uma comunidade de culto. Culto de quê? Na Antiguidade, o culto era das musas. Na reabertura da Academia pela imperatriz Athenais Eudócia e na Idade Média, o culto era da religião cristã. Todas, porém, eram comunidades que cultivavam o ócio.
Blondine Threw Her Arms Around Him - Virginia Sterrett
A questão, o que significa pensar, articula numa unidade dialética duas perguntas: o que é pensar e o que nos faz pensar. Trata-se de uma questão tão essencial que opera no fundo de toda pergunta que se faça, de toda resposta que se dê. Ora, só é possível saber, sentir o sabor do que significa […]
The Great Serpent - do livro Arabian Nights
Ora, na sucessão do pensamento, só nos tornaremos verdadeiros herdeiros quando transformarmos a herança em novos caminhos de pensar e descobrirmos no já pensado as provocações e desafios do ainda não pensado que aqueles, que nos antecederam nas peripécias do pensamento, nos convidam sempre de novo a pensar. Toda dificuldade dos dias atuais reside em aceitar este convite.
Europa and the Bull
Não é possível pensar o pensamento dos primeiros pensadores gregos só com os recursos da ciência e da filosofia. Toda historiografia já é sempre uma filosofia da história, quer o saiba ou não. Uma investigação de pensamento, que não pretende negar-se a si mesma como pensamento, tem necessariamente de ser uma restauração da mesma empresa.
Princess Rosalie
Na vida humana e no curso da sua história operam muitas memórias: uma memória individual, engramática, que grava conteúdos de percepções; uma memória coletiva-social que aciona possibilidades comunitárias e convoca experiências de participação; uma memória histórica, monumental, que celebra a continuidade das transformações e as consagra para o futuro.
The Birth of the Pearl - Edmund Dulac
No pórtico dos templos Zen, tanto na China, quanto no Japão, às vezes se acha pendurada uma tábua tosca com a inscrição: “Olha bem debaixo de teus pés!”. As presentes reflexões sobre as obras de arte a partir da criação, recomendam e entregam a este olhar debaixo dos pés! Toda criação é uma atropelada que […]
The Dream - Virginia Sterrett
Hoje tudo é político. A cada passo nós nos deparamos com político. De sentina do direito o poder se foi totalizando, totalizando e se tornou providência universal. Tudo é poder. O poder é tudo. Todo problema é uma questão política e de política. Todas as áreas de atividade são absorvidas pelo sorvedouro do poder. Já não existe espaço exterior, nem infra- nem suprapolítico.
Arabian Palace
O tema Civilização Escrita e Cultura de Massa abre para o debate um horizonte muito vasto. Tão vasto que cobre todo o país da História do Ocidental, de seus primórdios até hoje. Porque o tema é assim vasto, o debate, perdido na paisagem, corre o risco de prender-se tanto às árvores que já não encontra a floresta.
Crítica da Separação
Critica da Sepração (1961) é um "anti-filme" de Guy Debord. Filósofo francês, conhecido por sua teoria da Sociedade do Espetáculo e pela participação na Internacional Situacionista, Debord desenvolve nesse curta-metragem suas ideias. Através dele, também procura reafirmar sua posição contra o papel convencional de comunicação das artes.
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