pesquise na USINA
Generic filters

pensamento

Fotografias, vídeo e edição: Mayra Azzi
Neste artigo eu vou compartilhar o que tenho praticado e pensado sobre Corpo, Espaço, Movimento e Vazio desenvolvido a partir da minha prática com o Qi Gong. Proponho o encontro do conceito de Qi e de Vazio, expressos na cultura chinesa, com alguns versos do texto “Co-sentindo com Ternura Radical”, para formular pequenos rituais que poderão ser incorporados no dia-a-dia das pessoas que entrarem em contato com o presente artigo.
Αεικουω
Do presépio onde tudo se perfazia estático – simultâneo repetir-se de matérias belas, repetidas em arte de pequena eternidade – os Três Reis introduziam o tempo.   Narra o velho prudente, em livro de mântica linguística, que o nomear é uma ação. No Gênesis 2:19-20, por exemplo, o Nome-Deus-Poietés depois de fabricar todos os animais […]
Notas sobre o Neobarroco e a Monadologia
Da arte da Contra-Reforma à arte da Contra-Conquista Da clausura à obra aberta para diferença : captura Existir é diferir, no coração das coisas há diversidade “Cada porção da matéria pode ser concebida como um jardim cheio de plantas e como um lago cheio de peixes Mas cada ramo da planta, cada membro do Animal, […]
Adoração eucarística com o Santíssimo Sacramento.

Retábulo na Igreja do Nascimento da Virgem Maria em Svetice, Croácia.
Rio, 22 de fevereiro de 2021. Eu peguei minhas chaves e fui. Continua não parecendo tão longe, mas cê era diferente quando te olhei pela primeira vez, há vinte anos atrás, ou quase isso, depois que sentei num banco dentro daquela Paróquia Jesus Sacramentado e ouvi um homem me perguntar: quer ser coroinha?, e quis. […]
“Eu não sei nadar…”: Riobaldo e a práxis da existência
O título escolhido para este ensaio, “eu não sei nadar”, é uma frase proferida pelo narrador-personagem – Riobaldo – da obra-prima de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Obra-prima? O que é uma obra-prima? Obra alude a trabalho, produção de um artista, cientista, artesão, etc Por exemplo, quando chamamos um pedreiro para consertar algo em uma […]
Por uma Revista de Invenção
O que é uma revista de invenção? No Brasil, o termo “invenção” nos remete invariavelmente para Pound e seu uso nas vanguardas tardias, como descoberta ou elucidação de um novo processo. Mas é possível expandir esse conceito, no presente caso, para uma revista que não trabalhe apenas com a reprodução de originais externos, restringindo-se a […]
Foto de Patrick Bard
Pequena nota introdutória Vi pela primeira vez a palavra “enraizerrante” na entrevista que fizemos aqui na USINA com o grande poeta Edimilson de Almeida Pereira – que indicou esse texto gentilmente traduzido por Cecilia Sá Cavalcante Schuback. Desde então, essa palavra ressoa vez ou outra na minha vida – muito pelo grau de concentração das […]
A Queda para o Alto
No alto do Morro de Santo Antônio, contraponto do Edifício Central no Largo da Carioca, está a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, local de meditação silenciosa em meio ao som mal distinto do centro do Rio de Janeiro. No altar, uma das figuras mais alucinantes do barroco colonial brasileiro, uma rara […]
Zohra Opoku - Ficus Carica (2015)
Numa segunda-feira de céu aberto e calor baiano das quentes tardes dezembrinas adentrei a Feira de São Joaquim, através dos passos largos de Èsù, a esfera da vida rueira que cheira mar conduziu minhas mestiças pernas por entre os labirintos coloridos daquela imensidão ancestral. Grapiúna que sou, me dei conta da magnitude africana no esbarrar […]
Foto: Vitor Faria
Lugar sem comportamento é o coração. Nascido Manoel Wenceslau Leite de Barros em 1916, na cidade de Cuiabá – ou para nós simplesmente Manoel de Barros – a obra deste poeta carrega uma ambiguidade. Se, por um lado, seus poemas portam uma espécie de simplicidade, uma ausência de pretensão típica das crianças, por outro, é […]
Lygia Clark - Caminhando (1964)
“O influxo externo é que determina a direção do movimento” Machado de Assis A frase de Machado de Assis que serve como epígrafe deste ensaio continua assim: “não há por ora no nosso ambiente a força necessária à invenção de doutrinas novas”. Estamos em 1877, ano em que Sousândrade escrevia e publicava em Nova York […]
Foto: Geovana Jardim, em San-Jean-Pied-de-Port/França. Figurino: Acervo pessoal.
"Já ocupei vários territórios que eu jamais achei que eu ia ocupar. Gosto muito de ter chegado aos cinquenta anos, quase fazendo sessenta agora, daqui dois anos, advogando nessa brechinha cuja pretensão filosófica é encostar a universidade na vida mesma. Botando pensamento arte, pensamento cantado. Produzir pensamento é uma arte. Isso foi a gira nordestina, cantar e encantar os pensamentos, os conceitos. Jogar os conceitos na caixa do peito das pessoas comuns como eu."
Foto de Hiroko Masuike (New York Times)
Esse estado alterado de consciência na apresentação é estimulante e inspirador. A música vem através disso como se eu não tivesse nada mais que fazer além de permitir que ela emerja por meio do meu instrumento e voz. É ainda mais excitante de praticar, quer eu esteja me apresentando ou apenas vivendo minha vida cotidiana.
Panaceia marciana
O presente de natal chegou mais cedo naquele 07 de dezembro de 1972 quando nós humanos pudemos avistar pela primeira vez a imagem cabal da Terra intitulada Blue Marble. Ela não foi a primeiríssima imagem da Terra. Esta aconteceu um ano após o fim da Segunda Guerra, logo depois que os Estados Unidos capturaram os foguetes V-2 (“Vengeance Weapon Two) da Alemanha junto a alguns engenheiros nazistas e os levou – foguetes e engenheiros - para a famosa base desértica do Novo México.
Foto de Vitor Faria
Existe uma questão que antecede todas as outras. Às vezes a sentimos com clareza, nos desafiando; outras vezes só podemos suspeitá-la, abafada pelo alarido de um mundo cada vez mais técnico e informático. É certo que quando falamos em uma questão primeira, que antecede às outras, não é no sentido cronológico; ela não é uma questão que questionamos antes de todas as outras, é a questão que não podemos deixar de questionar em cada questionamento.
Arte Individual
O nome Edith Södergran deve soar estranho para ouvidos brasileiros. É desconhecido em todos os seus sentidos: tanto por não se saber quem é essa Edith como também pela fonética estranha, bizarra e até engraçada desse nome sueco. Edith, vindo do inglês Eadgyth, significa « guerreiro orgulhoso », enquanto Södergran diz, em sueco, « pinheiro do sul ». A pessoa Edith Södergran não é uma sueca típica, mas representa bem o seu nome. Em sentido poético, foi uma guerreira orgulhosa da taiga, pertencente aos pinheiros do sul: sempre buscando alcançar novos horizontes com as suas frases, palavras e imagens.
É possível ser otimista numa pandemia?
Vivemos uma crise global, com um potencial de letalidade semelhante às grandes guerras. O impacto da crise, duplo, econômico e sanitário, expõe de maneira clara as contradições e sensibilidades no nosso modo de vida: a vulnerabilidade dos trabalhadores informais e da gig economy; a demanda por um Estado presente num mundo que rejeita o público e aquilo que é comum; o conflito e a sobreposição entre fato e opinião; nossa relação, tão confusa, com a carne, com os nossos e com a alteridade.
Encarte do CD "O Homem Correndo na Savana"
Não sabemos o que está por trás do som de um paneiro de couro amarrado ao tronco oco de madeira. Sabemos apenas que seu som nos faz estremecer. Portanto não sabemos nada de coisa alguma e a História da música e do Homem ainda não começou. Todos estão à margem da Arte, da história e do conhecimento apesar de falarem muito e de escreverem muito. A música nasce dos instrumentos, da voz dos pressentimentos e dos sonhos, mas o homem insiste em vê-la nascer do papel.
O processo criador
Olhe para a minha imagem e adicione os novos valores, assim como eu adiciono novos valores cada vez que olho para ela. Crie uma nova imagem totalmente sua. Somos todos mais ou menos inibidos, mas o verdadeiro escravo é quem se liga e se acorrenta.
Vida, Capitalismo e Literatura: alguns apontamentos
Como começar? Como começar um mundo, ou antes, como começar em um mundo que parece se aproximar do fim? Por que começar? Estas não são apenas perguntas que fazem o pensamento girar, são perguntas que estão na ponta dos dedos, e quando elas circulam como sangue pelo corpo, quando elas deixam de ser apenas pensamento para serem perguntas-letras, algo da resposta já se insinuou...
Verdade e ponto de vista
Em um mundo de não-senso, ou seja, de sentido desprovido de sentido que, nem por isso, se apresenta como ausência, mas ao contrário, que assume a totalidade do poder ser, ainda que se torne um poder ser que aniquila o próprio sentido, é preciso que, como Platão, saibamos reconhecer as ambiguidades e as falsidades da e na dinâmica histórica.
O passado é outro país
“E ontem à noite o último capítulo da novela Avenida Brasil parou o país. Às nove da noite, ruas e avenidas vazias em todo o país. O Brasil parou em frente à televisão.”1 Minha lembrança de Avenida Brasil é que foi a última coisa que uniu o país. Ou, melhor dizendo, foi a última vez […]
Nascimento da rosa verdadeira / Ernesto Giovanni
A crise que hoje atravessamos é uma crise de visão de mundo, de civilização. É, portanto, uma crise de sentido, uma crise de caráter espiritual. Entendemos “visão de mundo” como trama de representações, conceitos e valores por cuja mediação os homens tecem sua inserção na vida. E é exatamente essa tessitura, ou esse paradigma que nos dias de hoje, em todos os países e em cada lugar, está como que esgarçada.
Rio Gótico Tropical
A cidade larvar continua funcionando segundo uma outra inteligência do espaço que revela uma cultura oral anterior e mais forte do que a solidariedade da banalidade. Não trata-se de analfabetismo, mas de pensamento empírico que se reflete nas formas de caminhar pelas quebradas da cidade.
Foto: Wilton Montenegro
no dia sete de maio de dois mil e dezessete eencontrei jandir jr. em frente ao centro cultural do banco do brasil, logo após seu horário de trabalho no museu arte do rio. sentamos num dos bancos bem perto da pira olímpica. observamos uns policiais do exércitos, jovens como nós, andarem em dupla pra cima e pra baixo. quando a noite começou a chegar, iniciamos a gravação. quando a entrevista acabou, atravessamos a rio branco quase por inteira: da presidente vargas à cinelândia e, ao final, nos despedimos na augusto severo. a noite já estava forte, e observamos com calma e cuidado a cidade ao nosso redor.
A Feitiçaria Capitalista – Minions
“Os minions parecem atingidos por uma proibição de pensar para o que estão trabalhando. Mas também é isso o que confere uma "criatividade infernal" ao seu trabalho: eles fazem pouco, mas são incansáveis em criar regulamentos, definições, palavras, maneiras e procedimentos que excluem o pensamento, que para eles é tão intolerável."
Conversa nº2: André Aranha
no dia quatro de maio de 2017, no final da tarde, eu e arthur nos reunimos com andré em volta da mesa do centro acadêmico da primeira escola (é o que dizem) de desenho industrial da américa latina. conversamos sobre as possibilidades de experimentação gráfica e liberdade de organização traduzidas no Colaboratório, oficina que, durante alguns poucos anos na ESDI, tentou construir um espaço autogestionado de diálogo e criação, reativando um antigo e abandonado laboratório nas dependências da Escola. lá nos eram disponibilizados alguns interessantes equipamentos, como uma grande guilhotina, uma máquina de serigrafia, uma tipografia, etc. durante algum tempo, o Colaboratório foi um espaço de troca e de construção de outras possibilidades de produção.
Antimatéria: O Universo sem Espelho

A ideia de antimatéria fascinou e continua fascinando os aficcionados por ficção científica desde o surgimento desse conceito, que ocorreu em meados da década de 1930, logo depois da descoberta experimental do pósitron, a antipartícula do elétron.

Museus no século XXI, mídias digitais e compartilhamento de autoridade (Parte I)
O que afeta essas lógicas de exposição são as demandas por representatividade e por divisão de autoridade curatorial sobre exposições. Aqui, também é relevante lembrar que à medida que povos indígenas do mundo todo passam a popular o mundo digital, coleções etnográficas também necessitam se adaptar a esses novos tipos de artefatos.
Breve história da cri-(a)-ção do Mundo – por Priscila Alba
Nada-menino, uma vez era. Nada, na medida em que passava e engrandecia, sentiu-se sozinho, quis conversar. Quis conversar, mas percebeu que ele, Nada, sozinho estava. Indagou: - Por quê esta solidão? Nada pensou e, ao pensar, concluiu: - Se me chamo Nada e me sinto sozinho, procuro alguém e não acho… Creio que, outro Nada, não deve haver.
Linguagem e computadores inteligentes: entrevista com Clarisse Sieckenius de Souza
Os computadores, ao contrário das pessoas, não têm a capacidade de imaginar (ou de “antecipar”) coisas, mas apenas de “prevê-las”. A diferença entre previsão e antecipação aparece quando vemos que previsões são feitas com base em modelos estatísticos ou causais, por exemplo, enquanto que o que imaginamos ou “antecipamos”, vem, em sua maior parte, das nossas emoções (desejos e medos), intuições e ponto de observação da realidade, enriquecidos (embora não necessariamente) por probabilidades e causalidades que conhecemos. Ou seja, a nossa linguagem humana nos permite ‘inventar realidades’ e estabelecer, com a própria linguagem, regras e convenções para interpretá-las, reagir a elas, e usá-las. Computacionalmente, esta capacidade é, na melhor das hipóteses, muitíssimo limitada.
Variações sobre o Matriarcado
Uma criança adentra, pé ante pé, o quarto onde sua mãe está a dar à luz; em meio à surdez dos gemidos, à cor berrante e o sangue, ela percebe, quiçá como primeira vez, que possui um umbigo.
Rizoma: Teste do Estilhaço
Pode-se dizer que samplear, fazer loops, re-montar tanto materiais encontrados quanto sons site-specific selecionados, por precisão ou relevância, para as implicações de mensagem de uma peça de música, ou uma exploração transmídia, é um fenômeno TodAlquímico, mesmo Mágiko.
Os Limites do Controle
Existe um crescente interesse por novas técnicas de controle da mente. Dizem que Sirhan Sirhan foi objeto de absorção pós-hipnótica; ele se senta tremendo violentamente na mesa de vapor da cozinha do Hotel Ambassador, em Los Angeles, enquanto a mulher ainda não identificada segurava-o e sussurrava em seu ouvido.
Fuck off Google
Poucos conhecem a genealogia e, no entanto, vale a pena conhecê-la: o Twitter provém de um programa denominado TXTMob, inventado por ativistas norte-americanos para, através do celular, se organizarem durante as manifestações contra a convenção nacional do Partido Republicano de 2004.
Richard Giblett – Rizoma de Micélio. Grafite sobre papel, 2008
Seria importante tentar ampliar a noção habitual de mídia. A noção de mídia, enquanto exposição de produtos, como numa espécie de supermercado, é algo que determina não só as formas de consumo da literatura, da arte, etc., mas também modeliza as formas de produção artística e literária.
Editoras Independentes e Trabalho Artístico
Mercado e economia editorial A análise das configurações das editoras independentes relacionam-se às transformações promovidas pelas tecnologias da informação e da comunicação, assim como são parte de um contexto mais amplo que informa o movimento de legitimação, proeminência e conveniência da cultura e do entretenimento dentro da cadeia produtiva recente...
Considerações sobre o poeta dormindo
Além de tudo, porém, uma observação se faz necessária: a poesia não está no sono, no sentido em que ele constitua um reservatório, do qual, em sucessivas descidas, o poeta nos aporte os materiais de seu lirismo. O sono predispõe à poesia.
Guilherme Vaz e Carlos Bedurap Zoró. Sem título, 1999.
O maracá é um instrumento simples, mas mágico. São muitos os mistérios da música, e mistérios são apenas coisas que não sabemos, mas podemos intuir que existem, no silêncio. Ele não se manifesta de uma vez para as pessoas, o instrumento. E nisso está de acordo com todas as sabedorias, porque todas elas têm caminhos, e há a fase da ignorância, pela qual todos têm que selar a sua passagem, caso contrário não há conhecimento...
Noigandres 4 - Mais e menos - Haroldo de Campos
Poderemos imaginar assim, alternativamente, uma história literária menos como formação do que como transformação. Menos como processo conclusivo, do que como processo aberto. Uma história onde relevem os momentos de ruptura e transgressão e que entenda a tradição não de um modo “essencialista” (...), mas como uma “dialética da pergunta e da resposta”, um constante e renovado questionar da diacronia pela sincronia.
Noigandres 4 - Uma vez - Augusto de Campos
Todas as idades são contemporâneas. (. . .) O futuro começa a se agitar no espírito de alguns poucos. Isto é especialmente verdadeiro no caso da literatura, onde o tempo real independe do aparente, e onde muitos mortos são contemporâneos de nossos netos, enquanto que muitos de nossos contemporâneos parece que já se reuniram no seio de Abraão ou nalgum receptáculo mais adequado.
Guilherme Vaz e Carlos Bedurap Zoró. Sem título, 1999.
Talvez a grande obra de Antônio Carlos Gomes tenha sido o seu próprio nascimento. No meio das matas ainda inocentes da América, num arraial de São Carlos perdido no meio das matas, pousado sobre a plataforma selvagem do planalto paulista, caminhos e pousos de pioneiros bandeirantes e entradistas rústicos que iam na direção do rio Cuiabá.
Foto: Nasa
Que significado dar à expressão "modos de criação"? Sabemos que a possibilidade de descrição racional completa do mundo não é compatível com a existência de um momento singular (o chamado big-bang), posto que todo processo físico ulterior deveria depender de quantidades impossíveis de serem definidas na singularidade.
Foto: Nasa
Não é raro que uma proposta científica relevante seja precipitadamente posta de lado, ou mesmo rejeitada como ineficiente, graças ao mau uso de uma de suas características ou à aplicação equivocada de uma formulação teórica particular que lhe esteja associada. É possível encontrar vários exemplos dessa situação em diferentes áreas da física e mesmo em outras ciências. Um caso notável ocorreu na história da cosmologia.
12