por Fabian Cantieri * O sonho acabou Quem não dormiu no sleeping-bag Nem sequer sonhou Gilberto Gil Who’s in a bunker? Women and children first (…)Take the money and run Thom Yorke Mars ain’t the kind of place to raise your kids In fact it’s cold as hell Elton John/Bernie Taupin Blue Marble O presente … Continue reading »
Category Archives: pensamento
Notas sobre a ninguendade – ensaio de Guilherme Maralhas
Notas sobre a ninguendade
ensaio de Guilherme Maralhas
Existe uma questão que antecede todas as outras. Às vezes a sentimos com clareza, nos desafiando; outras vezes só podemos suspeitá-la, abafada pelo alarido de um mundo cada vez mais técnico e informático. É certo que quando falamos em uma questão primeira, que antecede às outras, não é no sentido cronológico; ela não é uma questão que questionamos antes de todas as outras, é a questão que não podemos deixar de questionar em cada questionamento. Continue reading »
É possível ser otimista numa pandemia?
É possível ser otimista numa pandemia?
Ensaio de Arthur Aguillar
Vivemos uma crise global, com um potencial de letalidade semelhante às grandes guerras. O impacto da crise, duplo, econômico e sanitário, expõe de maneira clara as contradições e sensibilidades no nosso modo de vida: a vulnerabilidade dos trabalhadores informais e da gig economy; a demanda por um Estado presente num mundo que rejeita o público e aquilo que é comum; o conflito e a sobreposição entre fato e opinião; nossa relação, tão confusa, com a carne, com os nossos e com a alteridade. Continue reading »
O Homem Correndo na Savana / AnhangueraParanaíba
“Não sabemos o que está por trás do som de um paneiro de couro amarrado ao tronco oco de madeira. Sabemos apenas que seu som nos faz estremecer. Portanto não sabemos nada de coisa alguma e a História da música e do Homem ainda não começou. Todos estão à margem da Arte, da história e do conhecimento apesar de falarem muito e de escreverem muito. A música nasce dos instrumentos, da voz dos pressentimentos e dos sonhos, mas o homem insiste em vê-la nascer do papel.” Continue reading »
Vida, Capitalismo e Literatura: alguns apontamentos – ensaio de Priscila Alba
Vida, Capitalismo e Literatura: alguns apontamentos
Ensaio de Priscila Alba
Como começar? Como começar um mundo, ou antes, como começar em um mundo que parece se aproximar do fim? Por que começar? Estas não são apenas perguntas que fazem o pensamento girar, são perguntas que estão na ponta dos dedos, e quando elas circulam como sangue pelo corpo, quando elas deixam de ser apenas pensamento para serem perguntas-letras, algo da resposta já se insinuou… Continue reading »
Verdade e ponto de vista – ensaio de Priscila Alba
Verdade e ponto de vista
Ensaio de Priscila Alba
Em um mundo de não-senso, ou seja, de sentido desprovido de sentido que, nem por isso, se apresenta como ausência, mas ao contrário, que assume a totalidade do poder ser, ainda que se torne um poder ser que aniquila o próprio sentido, é preciso que, como Platão, saibamos reconhecer as ambiguidades e as falsidades da e na dinâmica histórica. Continue reading »
O passado é outro país
“E ontem à noite o último capítulo da novela Avenida Brasil parou o país. Às nove da noite, ruas e avenidas vazias em todo o país. O Brasil parou em frente à televisão.”1 Minha lembrança de Avenida Brasil é que foi a última coisa que uniu o país. Ou, melhor dizendo, foi a última vez … Continue reading »
breves e mal-desenvolvidas ponderações sobre a questão da maiúscula
escrevo esse texto pensando junto com thadeu e com a polly, e muito por conta do bizarro e triste episódio do ministro da cultura nazista. o thadeu escreveu “cuidado com quem escreve Arte com maiúscula” e a polly colocou um negócio em como tudo nesse governo nazista à brasileira é uma performance de quinta, um … Continue reading »
Nancy Mangabeira Unger – Ecologia e Espiritualidade
A crise que hoje atravessamos é uma crise de visão de mundo, de civilização. É, portanto, uma crise de sentido, uma crise de caráter espiritual. Entendemos “visão de mundo” como trama de representações, conceitos e valores por cuja mediação os homens tecem sua inserção na vida. E é exatamente essa tessitura, ou esse paradigma que nos dias de hoje, em todos os países e em cada lugar, está como que esgarçada. Continue reading »
Rio Gótico Tropical
A caminho da Mangueira, Hélio Oiticica costumava passar pela Favela do Esqueleto, onde se encontrava ocasionalmente com o bandido Cara de Cavalo, de quem viria a ser o corpo da bandeira “seja marginal, seja herói”. O Esqueleto foi uma favela que surgiu, em meados dos anos 50, a partir da ocupação do esqueleto de um … Continue reading »
A necessidade urgente de descolonizar a pesquisa social latino-americana: entrevista com Silvia Rivera Cusicanqui:
A necessidade urgente de descolonizar a pesquisa social latino-americana
Entrevista com Silvia Rivera Cusicanqui
“No que diz respeito à colonização mental, as ciências sociais – junto com várias outras – deveriam focar na criação de ferramentas conceituais, técnicas e materiais que permitissem resistir ao saque, tanto de recursos materiais como de pessoas (mãos, cérebros) ou, pelo menos, nos ajudar a sobreviver a isso.”
A Feitiçaria Capitalista – Minions
Minions – A Feitiçaria Capitalista
Tradução do 5º capítulo do livro de Isabelle Stengers e Philippe Pignarre, por Arthur Imbassahy
“Os minions parecem atingidos por uma proibição de pensar para o que estão trabalhando. Mas também é isso o que confere uma “criatividade infernal” ao seu trabalho: eles fazem pouco, mas são incansáveis em criar regulamentos, definições, palavras, maneiras e procedimentos que excluem o pensamento, que para eles é tão intolerável.”
Antimatéria: O Universo sem Espelho
Antimatéria: O Universo sem Espelho
Texto por Ignacio Bediaga
A ideia de antimatéria fascinou e continua fascinando os aficcionados por ficção científica desde o surgimento desse conceito, que ocorreu em meados da década de 1930, logo depois da descoberta experimental do pósitron, a antipartícula do elétron.
Breve história da cri-(a)-ção do Mundo – por Priscila Alba
Breve história da cri-(a)-ção do Mundo
por Priscila Alba
Nada-menino, uma vez era. Nada, na medida em que passava e engrandecia, sentiu-se sozinho, quis conversar. Quis conversar, mas percebeu que ele, Nada, sozinho estava. Indagou:
– Por quê esta solidão?
Nada pensou e, ao pensar, concluiu:
– Se me chamo Nada e me sinto sozinho, procuro alguém e não acho… Creio que, outro Nada, não deve haver. Continue reading »
Variações sobre o Matriarcado
Variações sobre o Matriarcado
por André Aranha
Uma criança adentra, pé ante pé, o quarto onde sua mãe está a dar à luz; em meio à surdez dos gemidos, à cor berrante e o sangue, ela percebe, quiçá como primeira vez, que possui um umbigo.
Pois a criança refaz, mentalmente, da cicatriz em seu ventre, o cordão carnal, que um dia a ligou à carne duma primeira mulher, e a encheu daquele sangue que ora se multiplica em suas veias. Continue reading »
Rizoma: Teste do Estilhaço
Pode-se dizer que samplear, fazer loops, re-montar tanto materiais encontrados quanto sons site-specific selecionados, por precisão ou relevância, para as implicações de mensagem de uma peça de música, ou uma exploração transmídia, é um fenômeno TodAlquímico, mesmo Mágiko1. Não importando quão curto, ou aparentemente irreconhecível, um sampler deve estar na percepção linear do TEMPO, ele … Continue reading »
Fragmentos
Esta série é dedicada ao pensamento no Brasil. Em sua maior parte são fragmentos de livros, capítulos ou pequenos ensaios, disponibilizados de forma completa em .pdf no final de cada texto. Para ter acesso basta navegar por autor/autora na barra lateral e clicar nos títulos para ler mais. Continue reading »
Considerações sobre o poeta dormindo – João Cabral de Melo Neto
Além de tudo, porém, uma observação se faz necessária: a poesia não está no sono, no sentido em que ele constitua um reservatório, do qual, em sucessivas descidas, o poeta nos aporte os materiais de seu lirismo. O sono predispõe à poesia. Continue reading »
O maracá
Um aprendizado e observações de quem o contempla, e começa a entendê-lo O maracá é um instrumento simples, mas mágico. São muitos os mistérios da música, e mistérios são apenas coisas que não sabemos, mas podemos intuir que existem, no silêncio. Ele não se manifesta de uma vez para as pessoas, o instrumento. E nisso … Continue reading »
Haroldo de Campos – O sequestro do Barroco
Todo o respeito por vossas opiniões! Mas pequenas ações divergentes valem mais! (Nietzsche) O PARADOXO BORGIANO E/OU PESSOANO (pp. 10-11) Estamos, pois, diante de um verdadeiro paradoxo borgiano, já que à “questão da origem” se soma a da identidade ou pseudoidentidade de um autor “patronímico”. Um dos maiores poetas brasileiros anteriores à Modernidade, aquele … Continue reading »
Haroldo de Campos
Poética Sincrônica “Todas as idades são contemporâneas. (. . .) O futuro começa a se agitar no espírito de alguns poucos. Isto é especialmente verdadeiro no caso da literatura, onde o tempo real independe do aparente, e onde muitos mortos são contemporâneos de nossos netos, enquanto que muitos de nossos contemporâneos parece que já se … Continue reading »
Haroldo de Campos – Por uma Poética Sincrônica
Há duas maneiras de abordar o fenômeno literário. O critério histórico, que se poderia chamar diacrônico, e o critério estético-criativo, que se poderia denominar sincrônico, a partir de uma livre manipulação da famosa dicotomia saussuriana, retomada mais recentemente pela crítica estruturalista. A poética diacrônica procura reconhecer, ao longo de um dado período cujas características são … Continue reading »
Guy Van de Beuque
Suely Rolnik
Suely Rolnik é psicanalista, crítica de arte e professora Titular da PUC-SP. Pesquisou o trabalho de Lygia Clark e traduziu parte da obra de Gilles Deleuze e Felix Guatarri para o português. Publicou junto com Guatarri, Micropolíticas: cartografias do desejo, Petrópolis: Editora Vozes, em 2005. Sua pesquisa gira em torno dos processos de subjetivação e … Continue reading »
Davi Kopenawa
Palavras dadas “Eu não tenho velhos livros como eles, nos quais estão desenhadas as histórias dos meus antepassados. As palavras dos xapiri estão gravadas no meu pensamento, no mais fundo de mim. São as palavras de Omama. São muito antigas, mas os xamãs as renovam o tempo todo. Desde sempre, elas vêm protegendo a floresta … Continue reading »