pesquise na USINA
Generic filters

literatura

Verdades predicativas
Rumaram os dois a bordo, o pai e o filho, entre as canoas silvestres daquele lugar. Aos poucos se recordavam, ambos, e era tudo que podiam fazer: o silêncio do ir e vir da água, a superfície lisa o interior profundo, caudaloso. O filho fazia o ar de suspiro, quase de tédio, mas sustentava o […]
O Menino Sujo
Nota dos editores da USINA Os países da América Latina, apesar de heterogêneos, compartilham experiências cotidianas que os aproximam. Aspectos como o sistema político, a misoginia, as desigualdades sociais e as questões étnico-raciais produzem formas de violências únicas que estão cada vez mais em destaque em obras de autoras latino-americanas. Esse grupo de escritoras navegam […]
O Cavador
Nota dos editores da USINA Os países da América Latina, apesar de heterogêneos, compartilham experiências cotidianas que os aproximam. Aspectos como o sistema político, a misoginia, as desigualdades sociais e as questões étnico-raciais produzem formas de violências únicas que estão cada vez mais em destaque em obras de autoras latino-americanas. Esse grupo de escritoras navegam […]
O menino que andava pelas sombras
Começou quando saía para o colégio, a mãe se despediu com uma dessas tantas expressões de mães: “vai pela sombra”. Incitado pelo desespero do escaldante sol de janeiro no Centro da cidade do Rio de Janeiro, levou ao pé da letra os dizeres e passou a procurar a calçada mais sombreada para fazer aquele caminho. […]
O Diabo, provavelmente, em terra de Brasil
Por entre essas terras aí, tinha homem com pele de boi. Se eu tivesse visto teria me perguntado o que era aquilo, mas eu tenho certeza que a resposta teria sido insatisfatória. Meu Deus! Homem com pele de boi pra mim é o próprio Cão disfarçado de demônio, e isso não é pouca coisa não! […]
O Fabuloso Quinquagenário de Lucy Almeida
Prólogo Lucy Almeida estremeceu de frio e acordou. Sentiu a garganta arranhar e reparou no ar condicionado ligado, mas estava ainda bêbada e não lhe ocorreu desligá-lo. Sentiu a coberta tesa quando tentou puxá-la para se cobrir, e notou que Alfredo Lopes se havia dela apossado, como de costume. Quase esquecera que ele estava lá, […]
26. Fabulas Panicas (noviembre,1967)
Alejandro Jodorowsky (Chile, 1929-) é um multiartista de origem chilena-judío-ucrâniana que atualmente possui nacionalidade francesa e vive em Paris. Sua obra passeia pelas artes visuais e narrativas. Escreveu livros, dirigiu filmes e obteve muito sucesso escrevendo e desenhando HQs, muitas vezes em colaboração com outros artistas gráficos.No final da década de 60, quando Luis Spota dirigia a sessão de cultura da revista El Heraldo de México, Jodorowsky ofereceu a ele uma colaboração semanal no formato de quadrinhos. Spota topou e entre 4 de junho de 1967 e 30 de dezembro de 1973 foram publicadas semanalmente tirinhas com um alto tom fabuloso que o autor intitulou de Fábulas Pánicas (Fábulas do Pânico em espanhol), tema e título que então atravessava algumas outras obras de Jodorowsky na época.
Os sons, os sonhos e os seres de Ada
Retornaram primeiro os animais maiores: mamutes e elefantes, ao lado das antigas aves, pterodátilos e rinocerontes. Ali, os rinocerontes também tinham asas e penas, como os pterodátilos e os mamutes. Todos eram amigos, e viviam em paz e harmonia. O sonho era de Ada, porque alguém precisa ser sonhado – sonhada, no caso. O mundo, […]
Povos Tradicionais do Norte de Minas (Parte 2)
Os Povos Tradicionais são internacionalmente reconhecidos como guardiões da biodiversidade do planeta. No Brasil, estes povos estão gravemente ameaçados pelos ataques impiedosos e violentos do neoliberalismo e das elites entreguistas e colonizadas. No norte de Minas Gerais não é diferente e a resistência segue firme e forte, produzindo alimentos e cultura, nos garantindo futuro e […]
Domingo de sol
Naquele dia era um domingo de sol. Na semana anterior, o chefe da Vila tinha arranjado um caminhão de sardinha. Marcos, meu irmão mais velho, que tinha ido pegar. Chorei por não ter sido deixada ir também. Queria entrar na fila não por querer pegar a sardinha. Queria conhecer o dono da favela. Meu pai […]
Celestografia
A natureza, misteriosa, nos persegue. Como é possível a natureza nascer como ela nasce? Como é possível a natureza se formar como ela se forma? E o homem se pergunta, como posso eu criar algo como a natureza, como se fosse natureza ou da natureza? Sendo da natureza, como animal, e além da natureza, como […]
Povos Tradicionais do Norte de Minas (Parte 1)
Os Povos Tradicionais são internacionalmente reconhecidos como guardiões da biodiversidade do planeta. No Brasil, estes povos estão gravemente ameaçados pelos ataques impiedosos e violentos do neoliberalismo e das elites entreguistas e colonizadas. No norte de Minas Gerais não é diferente e a resistência segue firme e forte, produzindo alimentos e cultura, nos garantindo futuro e […]
A Vista da Sra. Thompson
David Foster Wallace foi um escritor e ensaísta americano que escreveu proficuamente sobre cultura popular e a vida cotidiana. Nesse ensaio publicado primeiramente na revista Rolling Stones americana, o autor reconta como em formato de diário a sua reação ao 11 de setembro de 2001, e os ataques terroristas aos Estados Unidos. O autor, nascido […]
2 crônicas do livro Vistos de Cima Parecemos um Pássaro
Gosto da praia em dias nublados, quase chuvosos. A maresia se junta e vira névoa. Vingativa, esconde os arranha-céus da beira mar, as ilhas e as pedras postais das câmeras turísticas. Os ambulantes caminham tristes, mal gritam seus criativos slogans e jingles. Os pombos caminham pra lá e pra cá procurando restos de biscoito Globo. […]
Ilustração Pedro Fortes - Do Interior de Daniil Kharms (2019)
Sossegou. E não está respirando. Significa que já morreu. Morreu sem encontrar sobre a Terra respostas para suas perguntas. Mas nós, os médicos, devemos investigar profundamente o fenômeno da morte.
serra dos órgãos, no quarto ano da Chuva
Sento na escada de pedra e limo, rachada pela metade em todos os degraus. A terra por debaixo briga para levantá-la, expulsá-la do domínio conquistado. Contamos cem ou talvez cento e dez, cento e vinte anos que foi construída, aqui no lado leste da casa, no exílio de todos os sortilégios domésticos. Apoio o queixo […]
Adoração eucarística com o Santíssimo Sacramento.

Retábulo na Igreja do Nascimento da Virgem Maria em Svetice, Croácia.
Rio, 22 de fevereiro de 2021. Eu peguei minhas chaves e fui. Continua não parecendo tão longe, mas cê era diferente quando te olhei pela primeira vez, há vinte anos atrás, ou quase isso, depois que sentei num banco dentro daquela Paróquia Jesus Sacramentado e ouvi um homem me perguntar: quer ser coroinha?, e quis. […]
A praia do leme e os melhores temas do mundo para conversar
para matheus kerr, matheus ramos-mendes e kissel goldblum   investigar a consciência, sonhar. reminiscência: o universo inteiro já aconteceu. nós chegamos nos lugares que sempre chegamos isso aqui já aconteceu a visão da jornada xamânica e da vida cotidiana não são diferentes. isso não. a imaginação é faculdade da memória, descartes não sabia meditar. o […]
“Eu não sei nadar…”: Riobaldo e a práxis da existência
O título escolhido para este ensaio, “eu não sei nadar”, é uma frase proferida pelo narrador-personagem – Riobaldo – da obra-prima de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Obra-prima? O que é uma obra-prima? Obra alude a trabalho, produção de um artista, cientista, artesão, etc Por exemplo, quando chamamos um pedreiro para consertar algo em uma […]
Por uma Revista de Invenção
O que é uma revista de invenção? No Brasil, o termo “invenção” nos remete invariavelmente para Pound e seu uso nas vanguardas tardias, como descoberta ou elucidação de um novo processo. Mas é possível expandir esse conceito, no presente caso, para uma revista que não trabalhe apenas com a reprodução de originais externos, restringindo-se a […]
Uma volta ao mal, ensaiando
I Há uma passagem terrível em 2666 de Roberto Bolaño. Quem conhece o livro, sabe que boa parte do que ali está talvez ache em “terrível” sua melhor e mais concisa descrição. Me refiro, entretanto, aos chistes dos policiais, ao café da manhã, alguns dos quais participavam ativamente das investigações sobre as mulheres mortas em […]
O sorriso de Kafka
Há um tempo, vi uma curiosa foto de Kafka em que, contrária à imagem que se costuma ter dele, aparecia com um sorriso muito expressivo. Encontrei mais três ou quatro imagens em que Kafka sorri. Devo reconhecer que a imagem produziu em mim uma sensação inquietante: por que sorriria Kafka, a figura do “intolerável” (Borges), […]
Foto: Vitor Faria
Lugar sem comportamento é o coração. Nascido Manoel Wenceslau Leite de Barros em 1916, na cidade de Cuiabá – ou para nós simplesmente Manoel de Barros – a obra deste poeta carrega uma ambiguidade. Se, por um lado, seus poemas portam uma espécie de simplicidade, uma ausência de pretensão típica das crianças, por outro, é […]
Lygia Clark - Caminhando (1964)
“O influxo externo é que determina a direção do movimento” Machado de Assis A frase de Machado de Assis que serve como epígrafe deste ensaio continua assim: “não há por ora no nosso ambiente a força necessária à invenção de doutrinas novas”. Estamos em 1877, ano em que Sousândrade escrevia e publicava em Nova York […]
atrás da montanha (primeiro capítulo do livro Ganga)
"The mountain is an animal wounded on its way to the sea, its limbs grasping the earth. I call it ‘The Woman’” Etel Adnan “My father, my grandfather, my cousins, they all look at the mountain as if it were our mother, as if it were our grandmother.” Ailton Krenak A fotografia chamou minha atenção […]
Ilustração (2019), Bendita Gambiarra
O sertão de João Guimarães Rosa é um mundo que só existe como linguagem. Escrito em língua estranha, costuma assombrar leitores, que se queixam por não compreendê-lo de todo ou apenas de forma presumida e bastante duvidosa. Uma dificuldade que afugenta incautos e desconcerta até mesmo o mais miguilim de seus leitores, o tradutor, que […]
à procura de entrelinha
Quando isso a que chamo de desejo de escrita anunciava-se em mim, antigamente, é o que vou começar a tentar dizer. Destino infalível de mim, quase mulher que inspira ar de delírio enquanto minhas narinas encontram-se irritadas com tanto tabaco que ando a consumir nesses dias descontentes de calor e pouca fruição.
"Dupla", de Pedro Bento
Palavra: ideia da ideia. Ideia está em todo lugar – palavra também. Espiritual pode estar em qualquer lugar.

Ajuntamento de palavras por meio da coexistência dos contrários: História e vida, material e espiritual, humano e inumano, particular e universal, regional e cosmopolita.

o segredo da voz
o primeiro canto que eu me lembro de ter parado para escutar foi o da cigarra. toco de gente pelada, à beira do poção onde nós meninos virávamos peixes sedentos em meio à algazarra. eu devia ter uns três anos ainda, mas tenho bem presente em meu corpo aquele som riscando os ouvidos: sim, com meu corpo todo que me lembro daquele momento, pois o zunido me atravessava por inteiro, e assim tive minha primeira vibração, minha ressonância inicial. a partir de então, percebi que alguns sons me punham como que em transe.
Os Santinhos da João Afonso
Coloco os pés na luz e os olhos no chão da rua. Assim bem cedo, ou mais tarde, às vezes apressada, ando olhando para baixo, para frente, e para os lados. Antes que acabe essa minha pequena rua de paralelepípedo percebo que o chão está cheio de pequeninos pedaços de papel. Alguns bem pisoteados outros intocados. São santinhos, imagens estáticas me olham e forram não só o chão, como o vidro dos carros e os fundos das caixas de correspondência. Nunca tem dois santinhos diferentes no mesmo dia, quando é dia de nossa senhora, é dia de nossa senhora. Não é aconselhável confundir os santos
Vida, Capitalismo e Literatura: alguns apontamentos
Como começar? Como começar um mundo, ou antes, como começar em um mundo que parece se aproximar do fim? Por que começar? Estas não são apenas perguntas que fazem o pensamento girar, são perguntas que estão na ponta dos dedos, e quando elas circulam como sangue pelo corpo, quando elas deixam de ser apenas pensamento para serem perguntas-letras, algo da resposta já se insinuou...
Conversa nº5 – Leonardo Marona
encontrei leo num momento difícil do dificílimo ano de 2018. na semana anterior victor heringer tinha feito a passagem e um ou dois dias depois marielle seria assassinada. cheguei na livraria da travessa de botafogo mais pro final da tarde quase noite. conversamos ali dentro, numa espécie de jardim de inverno muito utilizado pelos fumantes, eu acho. leo joga nas onze e já publicou livros de poesia, conto e romance. além disso, é o cantor da Dibuk Motel e trabalha há anos como livreiro
Chopin e Mendelssohn
Havia uma mulher que reclamava o tempo todo, toda noite a mesma música através da parede, ou seja, depois do jantar, os vizinhos velhinhos, marido e mulher, pontuais como um trem, chegam ao piano, e a mulher toca a mesma coisa, começava com algo triste e depois uma valsa. Todo dia, churúm-burúm, tatati-tatatá.
Conversa nº4 – Adelaide Ivánova
esta entrevista foi feita em dois dias diferentes, com pouco mais de uma semana de diferença entre eles. no dia 31 de julho de 2018, ano da morte de marielle e da queima do museu nacional, encontrei adelaide ivanova em berlim, onde tinha ido para visitar minha mãe. no dia mais quente do ano, fomos, junto com naomi baranek e victinho vasconcellos, ao krumme lanke, um famoso lago da cidade, e talvez o mais agradável de todos. sentamos na areia e, depois de um mergulho, começamos a conversar.
Foto: Wilton Montenegro
no dia sete de maio de dois mil e dezessete eencontrei jandir jr. em frente ao centro cultural do banco do brasil, logo após seu horário de trabalho no museu arte do rio. sentamos num dos bancos bem perto da pira olímpica. observamos uns policiais do exércitos, jovens como nós, andarem em dupla pra cima e pra baixo. quando a noite começou a chegar, iniciamos a gravação. quando a entrevista acabou, atravessamos a rio branco quase por inteira: da presidente vargas à cinelândia e, ao final, nos despedimos na augusto severo. a noite já estava forte, e observamos com calma e cuidado a cidade ao nosso redor.
a quarta estação
eram ferozes, feras ferozes, que vinham sentiam o piscar dos olhos, as pálpebras dobrando, arrefecendo. nisso que saíram, aos poucos, casais de muitos tipos, os dentes sobrando pra fora, a boca mordida pra dentro, lábios carnudos. vultos ou sombras, aquilo que se espiava, o mudo o mudo barulho que se ouvia.
Breve história da cri-(a)-ção do Mundo – por Priscila Alba
Nada-menino, uma vez era. Nada, na medida em que passava e engrandecia, sentiu-se sozinho, quis conversar. Quis conversar, mas percebeu que ele, Nada, sozinho estava. Indagou: - Por quê esta solidão? Nada pensou e, ao pensar, concluiu: - Se me chamo Nada e me sinto sozinho, procuro alguém e não acho… Creio que, outro Nada, não deve haver.
A menor bandeira brasileira do mundo e outras obras
Assim estou hoje, sendo um artista plástico com desafios de mercado, sem vender, sobrevivo da mecânica e uso o dinheiro da mecânica para conseguir manter a arte, e não para por ai, quando eu tinha ateliê passou um senhor e me disse que minhas telas eram de nível galeria, que eu fosse procurar, pois então mandei e-mail para maioria das galerias de São Paulo, sem sucesso.
Sonho de uma flauta
– Toma – disse meu pai, e entregou-me uma pequena flauta de osso – leva isso e não esqueças teu velho pai, quando alegrares com tua música as pessoas nas terras distantes. Já é tempo de agora veres o mundo e aprenderes alguma coisa. Mandei fazer a flauta para ti, porque não sabes nenhum outro ofício e só gostas de cantar.
Aconteceu ontem mesmo
uns uns, os que vieram, e trouxeram roupa comida agasalho. e diziam e comemoravam e andavam às custas dos outros, os que vieram, e depois disseram que não vinham mais. não se soube mais disso ou daquilo disso ou daquilo, foi-se, como se foram os mancos, os outros e os que vieram depois. de início todos quiseram participar, chegaram e trouxeram bebida comida sentaram à mesa.
Excertos
Autora chilena nascida em 1910, Maria Luisa Bombal é uma das poucas autoras latino-americana a conseguir prestigio fora do círculo da sua língua nativa. Grande amiga de Jorge Luis Borges, seus romances, sempre curtos, evocam uma atmosfera onírica e fantástica.
Avenida Niévski
Em "Avenida Niévski", publicado em 1835, Gógol incorpora a modernidade na literatura, acompanha a passagem do dia, fragmenta sua descrição, e termina por seguir dois flâneurs em seus devaneios pela Niévski. Nota-se já nos primeiros parágrafos da obra uma antecipação de inúmeras experiências estéticas do séc XX.
O que nos encosta na alma
Não se trata de uma crítica, isso é apenas uma espécie de carinho. Um carinho torto, eu sei, mas talvez também seja uma forma de fazer você despertar desse coma. Uma maneira de fazer com que você perceba que não há nada mais triste que vê-la chorar.
Editoras Independentes – EP 02
Neste segundo episódio da web-série Editoras Independentes, perguntamos à Azougue, Oito e Meio, Cozinha Experimental e Oficina Raquel sobre a trajetória de cada editora, as possibilidades abertas pelas novas tecnologias, alternativas de distribuição de livros em pequenas tiragens e relação com os autores.
Editoras Independentes – EP 01
Neste primeiro episódio da web-série Editoras Independentes, perguntamos à Azougue, Oito e Meio, Cozinha Experimental e Oficina Raquel sobre o que significa ser uma editora independente, o papel do editor, a relação entre editoras independentes, as dificuldades do mercado e as diferenças frente às grandes editoras.
Em uma clareira era noite
Em uma clareira era noite. Preguiçosamente surgiram de dentro do escuro três animais. Dois, que eram da mesma espécie, chegaram fazendo companhia um ao outro, e o terceiro, solitário. Curiosamente este vinha falando, enquanto os outros dois se vinham calados (já que passaram o dia juntos tinham se acostumado à companhia um do outro e nada de novo tinham do que falar).
12