Retornaram primeiro os animais maiores: mamutes e elefantes, ao lado das antigas aves, pterodátilos e rinocerontes. Ali, os rinocerontes também tinham asas e penas, como os pterodátilos e os mamutes. Todos eram amigos, e viviam em paz e harmonia. O sonho era de Ada, porque alguém precisa ser sonhado – sonhada, no caso. O mundo, o mundo mesmo, não precisa se sonhar. Ada acordava cedo e assobiava junto com os pássaros, que logo cedo cantavam perto da sua janela. É que sua vida, mesmo a real, era um sonho que Ada sonhava. E os pássaros eram sabiás e bem-te-vis, e mesmo as maritacas, que tinham um som difícil para ouvidos acostumados à paz, voavam sem serem perturbadas. Ada também podia voar, mas não como os pássaros, porque ela não era pássaro nenhum. Mas então, o que ela era? Ada primeiro achou que era o que sonhava mas, durante uma noite de sono, Ada não viu que, na verdade, ela era mais do que sonhava. Então, ficou feliz. Como se diz: serelepe. Cantou para suas amigas andorinhas e suas confidentes éguas. Ada falou: agora posso correr mais que vocês! E as éguas olharam. As andorinhas perplexas. Ada falou: vamos apostar uma corrida! As éguas não hesitaram, se colocaram em posição. No idiossincrático urro do elefante foi dada a largada. O sol cegou Ada, que descobriu também a possibilidade de ser menos do que sonhava. Nessa noite, Ada chorou tanto que não conseguiu dormir. No dia seguinte, quando o sol nascia, os elefantes e pterodátilos apareceram os mamutes e as andorinhas também. E mesmo as éguas e os bem-te-vis e toda sorte de pássaros. Cantavam uma canção desconhecida, que Ada nunca havia sonhado. Ada, então, escutou: é que ela tinha de aprender.
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- Os sons, os sonhos e os seres de Ada