Esse estado alterado de consciência na apresentação é estimulante e inspirador. A música vem através disso como se eu não tivesse nada mais que fazer além de permitir que ela emerja por meio do meu instrumento e voz. É ainda mais excitante de praticar, quer eu esteja me apresentando ou apenas vivendo minha vida cotidiana.
encontrei com a gab ali perto do ccbb, em abril de 2018, no mesmo lugar que um tempo antes tinha encontrado o jandir jr. sentamos num banco perto do que um dia foi a pira olímpica e, com calma, conversamos… conheci a gab no início da faculdade, ali no largo de são francisco. ela andava dançando pelos corredores do IFCS. não uma dança óbvia e nem espetacular, muito menos consciente (no seu sentido mais técnico): uma dança que era um andar, um passo atrás do outro – de quem caminha assim mesmo, dançando.
primeiro, precisamos falar da escrita. signos abstratos que designam coisas, sons, sensações, etc. a escrita não tem uma relação necessária com a fala, o som sentido. aliás, arriscaria dizer que (ainda) são coisas muito diferentes.
quem de ferro fere o fogo quem
de quase fura o corpo qual
carícia em tempo firme
qual malícia escapa à
sorte
eram ferozes, feras ferozes, que vinham sentiam o piscar dos olhos, as pálpebras dobrando, arrefecendo. nisso que saíram, aos poucos, casais de muitos tipos, os dentes sobrando pra fora, a boca mordida pra dentro, lábios carnudos. vultos ou sombras, aquilo que se espiava, o mudo o mudo barulho que se ouvia.
meu segredo é não reclamar de nada
é seguir a vida
como a vida é
os outros que me perdoem, as mulas que me
abençoem
I
olho um pouco acima do ombro
e tento localizar o exato do
teu ritmo, a tua ininterrupta
geografia – como se num dia
de agosto a praia compensasse
os temores, amenizasse os
anseios.
manhã
1
tem uma estátua bem no meio. um pombo sempre pousa em sua cabeça e fica horas por ali. será sempre o mesmo pombo?