
4 poemas de amor
qualquer samba triste, a chuva no domingo
tuas mãos para as conchas
teus olhos que eu toco
– as ventanas abertas
– o chão tão gélido me alegra.
qualquer samba triste, a chuva no domingo
tuas mãos para as conchas
teus olhos que eu toco
– as ventanas abertas
– o chão tão gélido me alegra.
os pássaros cantam e se agitam
feito crianças pela manhã
Maritaca Bem-te-vi sabiá
cantam suas melodias esperando respostas
quando não as tem repetem uma duas três
muitas vezes até se distraírem
Estou sempre diante
da certeza de que vou ter sede.
Mas no fundo não é tão difícil
imitar um cacto e repousar
espinhosamente na paisagem da varanda
ou da sala.
you know what i’ve learned from you?
sabe o que eu aprendi com você? not to say more than you have to. não dizer mais do que seja realmente necessário pra si. i’ve learned about art. eu aprendi sobre arte. as a state of stuff. como um estado das coisas. como uma presença moldável mas não óbvia. not so deep. as something to digest but also enjoy as a joke.
Moro em um país pobre e, contudo,
não sou eu o pobre deste país.
Habito a periferia do vasto mundo,
mas não estou na periferia da periferia.
Estou à deriva por alguma margem perdida,
mas não sou eu o marginal do rumo.
Dei a falar com o tempo
O que não disse ao luar da noite
Dei a falar com as horas
Numa língua qualquer
Que só entendem os anjos
Filosofemas de rogação.
Ler,
Não como quem lê o texto,
Não como quem lê um texto,
Não como quem lê.
primeiro, precisamos falar da escrita. signos abstratos que designam coisas, sons, sensações, etc. a escrita não tem uma relação necessária com a fala, o som sentido. aliás, arriscaria dizer que (ainda) são coisas muito diferentes.
como minha vó ensinou
acordo todas as manhãs e rezo
ajoelho em qualquer que seja o leito
e me vejo em toda dor que me caiba no peito
então os joelhos são ardidos
quase sempre encardidos
mas eu não
eu não fiz nada
aqui estamos nós, os cercados, mais uma vez.
somos outra vez os sionistas dos anos trinta.
somos outra vez o rapaz de vermelho linchado.
somos outra vez a quenga que deve morrer.