Há na violeta um áspero pendor
de pedra. Mas o mármore da cor não
se arremessa como uma pedra;
é uma dureza de sonho.
É a dureza da pluma no projétil
quando penetra o peito dos pássaros
(uma bala não é tão doce sem uma artéria)
e a baba lilás que tinge os ninhos.
Há na violeta, como eu disse,
um áspero pendor de pedra.
Das pétalas as úlceras
únicas. E nos pulmões das frutas
os bebês entubados.
Como é violento dizer: flor.
A cor que se abre no ramo delicado da língua
escorre, em dez lâminas, pelas mãos.