eu, novamente,
preparo o café da manhã
enquanto você arranca meus cílios.
vou me desfiando
falando pra você não correr assim tão depressa
sobre o meu deslize.
você ignora meus ruídos
e arranca uma flor do meu ventre.
(-você não ouve minhas pernas-
e seu jejum rapta meu sono)
Tenho nas manhãs em que passo com você,
uma imprecisão na medida do café.
tem um rinoceronte no meu pátio que me flameja toda noite
não há metáfora que sustente meu quadril
dolo encardido que ensurdece os ossos como uma mancha.
tenho entre os dedos um crucifixo pagão
que me faz sangrar como eu sempre quis.
novena que entorpece.
as horas no meu corpo são como escombros,
altares perdidos no oceano.
………….