Um experimento cinematográfico: que contrastes poderiam surgir se opuséssemos o diretor de Ladrões de Bicicleta com o produtor de E O Vento Levou… em um mesmo filme? A história pode nos dizer…
“O único grande problema do cinema parece ser, a cada filme e cada vez mais, onde e por que começar um plano e onde e por que terminá-lo”
– Jean Luc Godard
Todo corte é uma forma de julgamento, seja no set de filmagem ou na sala de edição. Um corte revela o que é, ou não, importante. Ele delineia o essencial do não-essencial. Examinar a montagem de um cineasta é descobrir uma forma de cinema.
O acaso do Terminal Station (Quando a Mulher Erra) de De Sica, e Indiscretion of an American Wife (Quando a Mulher Erra – versão americana) oferece uma rara oportunidade para comparar os dois cortes do mesmo filme – um de uma figura importante do Neorrealismo italiano, outro de uma figura importante de Hollywood.
Se o Neorrealismo existe, existe em contraste com a forma dominante de se fazer filmes, moldada e representada por Hollywood. Quando comparamos Terminal Station com Indiscretion of an American Wife devemos nos fazer a pergunta: qual a diferença que um corte faz?
:: kogonada // originalmente publicado em: Sight and Sound Magazine, BFI.
Tradução Thomas Ilg, fevereiro 2014