merci pour les paysages
porque no dia seguinte falamos de incesto e era como se falássemos de nós e eu precisei dizer que nem sempre
me importava
obrigada por me trazer de volta ao cinema
desvendar o trauma através das imagens
acreditar que existe algo mais
nas paredes de ladrilhos do oriente
no deserto quente e seco
da serra
das espaldas
a prisão do casamento e os silêncios ou argumentos
o brasil não é para amadores
meu pai diria
e o teu
não fosse o fim
o silêncio bruto dos homens
ser livre num país preso pela doença, e todos presos a seus pares, ainda não tenho e talvez nunca tenha tido ou terei
o Irã chama
a África chama
faz falta acender os cigarros nos outros e olhar os olhos perdidos animados sós
da noite
e o desejo de carregar um bebê na barriga pelas ruas, carregar uma barriga de melancia e que os peitos cresçam até não caber
mais
carregar uma barriga de melancia e cansar as pernas no calor do centro da cidade
o isqueiro azul turquesa como as mesquitas e o quadro de paul klee
azul
mediterrâneo e rouge
sur la piel
toujours elle
e é como se sentíssemos o verão – e as baratas
eu acho, leo, matilde, ale
que a rachadura, por onde entra a luz,
é o poema