uns uns, os que vieram, e trouxeram roupa comida agasalho. e diziam e comemoravam e andavam às custas dos outros, os que vieram, e depois disseram que não vinham mais. não se soube mais disso ou daquilo disso ou daquilo, foi-se, como se foram os mancos, os outros e os que vieram depois. de início todos quiseram participar, chegaram e trouxeram bebida comida sentaram à mesa. não se via quantos, os mancos, e os outros, os que vieram, e cantaram juntos como se canta sempre, há tempos, disso e daquilo, isso e aquilo, nós e nós e vamos chegando. as paredes pintadas de ouro, as paredes pintadas de prata e o vento onde não há paredes. e chegavam, vieram uns ratos, aos berros, uns e uns, como se via nos tempos, nos velhos, é certo dizer. e cantaram como cantam sempre, disseram amém e repetiram e os outros e os mancos seguiram. relato que houve fila e comeram e beberam mas não havia muita proteção para o frio, os agasalhos, todos poucos, e os mancos reclamavam, não se pode ser tão ágil assim, e os ratos confundiam se queixavam se faziam malentender, é certo. os outros, os que vieram primeiro, uns e uns, e graniam e guinhavam rrr rrr. impreciso dizer quando e como. chegaram os roucos e não puderam cantar, trouxeram ervas chás especiarias da índia e todos felizes, e os roucos batiam à mesa e não gritavam, acompanhavam o ritmo, e os ratos se batiam se embrenhavam no mato alto, ninguém sabe por onde, ninguém faz questão. e pediram lave a louça, traga o garfo, um copo dágua, e lavei e levei e bebi. responderam: agora dança e dançar eu não podia, como os outros, os mancos e os ratos. inclusive os roucos, os que mais dançavam. desci, e pediram dois três quatro, e fiz. rápido rápido. e vieram, uns uns, os que riem os que sangram os que pedem, sem nem saber a conta, e fizeram cálculos, retornaram números, elevaram às tantas que já nem se podia precisar. e tocaram, os roucos, instrumentos felizes, como se via, como era certo se ver. pediram, ai ai, um e dois e três e quatro e quando se faziam entender até os ratos voltavam depressa. quer queira ou não, sussurravam uns aos outros e a mim já não me fazia graça. e dormiram, todos, uns e outros, como encampados, se sabe. e pediram e rodaram e os agasalhos já nem serviam, fizeram fogo, os ratos, e todos se puseram a cantar como cantavam antes. e os chás e as especiarias da índia e chegaram mais outros, ninguém esperava, e eu já nem queria. acordaram dormiram acordaram dormiram. como há de ser, é pouco, como muito foi e tudo. pediam traga o disco os instrumentos, onde começa e acaba. os pingos, a chuva que se anunciou tarde e todos correram, os pingos, is e is e is e como se fossem mais que fortes trovões apareceram nos céus os clarões e correram e saíram quiseram entrar e eu não deixei quiseram entrar e fiquei na porta quiseram entrar e falei ande façam logo, e as barracas e os ratos e os roucos. os mancos gostaram da chuva e deitaram no chão, e vinham raios e os raios desciam e subiam, e os ratos e os roucos e outros que vieram pediam abre a porta e mandavam abre a porta e eu não fiz. uns uns, os que vieram, e se perderam pela noite de chuva, alguns choraram e desciam lágrimas escorriam, e os trovões e os barulhos e as chuvas, e os mancos poderiam até ficar por ali não ligavam. então fui me embora dormir porque minha mãe sempre repetia uma chuvinha de nada não mata ninguém.
- Página inicial
- <
- literatura
- <
- Aconteceu ontem mesmo
Aconteceu ontem mesmo
abril, 2017
Hermann Hesse, USINA
Diogo Grieco
Thomas Ilg