ANTÔNIMO
O antônimo de gaveta
é folha
Porque a gaveta é um corpo
que se guarda para dentro
no escuro do segredo
Mas a folha
Essa é uma palma esticada
a colher o sol
E toda árvore é um conjunto de mãos
A provar da luz pelo tato
Na gaveta o caos velado
Nas folhas a luz dos astros
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SAUSSURIANA
Há no ar ondas de um som
Que ainda não aprendemos a ouvir
E na lua algumas cores
Que ainda não sabemos ver
Não reconhecemos certas formas das nuvens
E só sabemos o vento em movimento
A espuma das ondas é – para nós –
Apenas a espuma das ondas
Mas a verdade velada aos homens
Por Apolo
Por Khonsu
Por Niami
Por Njord
Por Iemanjá
É um idioma íntimo que se faz com o corpo
As formigas em fila indiana o conhecem
As jubartes o cantam em um dialeto próprio
As pipas dançam ao som dele
Todas em uníssono
Na execução sintática
Da inconsciência consciente
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ESTUDO EXPOSITIVO DO EU
Sou tudo aquilo que poderia ter sido
Mas não foi.
Constitui-me uma massa escorregadia aos dedos
Tal a das sombras quando o Sol ilumina o Possível.
Sou tudo aquilo que poderia ter sido,
Mas não fui.
Sou talvez a sombra de mim mesmo
E o sol a Possibilidade do que poderia ser.
O que não fui, por não ter sido, me constitui
E aumentarreduz o não-ter- sido em meu ser
Porque ser é rasgar o tecido por onde a possibilidade se é.
Mas o sol cega e o tecido é espesso em excesso para se encarar
Falta-me a coragem e tenho a palidez inerte das sombras.
Mas, se me fosse, não me seria
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