Guilherme Vaz, mineiro de Araguari, foi um artista, pensador e músico experimental brasileiro. Precursor da arte conceitual e sonora no país, foi também responsável pela introdução da música concreta no cinema nacional. Formado pelo projeto original da Universidade de Brasília, do qual sempre foi entusiasta. Também se envolveu com o Grupo de Compositores da Bahia, em Salvador e participou da Unidade Experimental do MAM, no Rio de Janeiro.
Além de tudo, porém, uma observação se faz necessária: a poesia não está no sono, no sentido em que ele constitua um reservatório, do qual, em sucessivas descidas, o poeta nos aporte os materiais de seu lirismo. O sono predispõe à poesia.
O descobrimento, ou, por assim dizer, a “invenção” de precursores é um dos corolários mais significativos da visada poética sincrônica. John Cage (Silence) cita a resposta do pintor De Kooning aos que lhe perguntavam que artistas do passado o haviam influenciado: “The past does not influence me; I influence it”.
Enquanto o scholarship acadêmico se perde por exemplo em discutir se Gregório foi plagiário de Gôngora e Quevedo (plagiário, um poeta do qual não se conhecem manuscritos autógrafos, por ter traduzido para o português o intrincado labirinto gongorino, quando um dos brasões de glória de Ungaretti é ter feito coisa semelhante para o italiano? Um poeta que compreendeu tão bem, com aquela “imaginação funcional” ou “sintagmática” de que fala Roland Barthes, a matriz aberta do barroco, que soube recombinar ludicamente em nossa língua, num soneto autônomo – verdadeiro vértice de um sutil “diálogo textual” – versos-membros de diferentes sonetos do poeta cordovês?