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poesia brasileira contemporânea

Mezzanine

Erguido

o último suspiro

aos anjos da colheita

que por aqui passam

quando querem catar

acerolas

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segunda – poemas e fotos

às vezes é bom ser gato.
– digo isso enquanto faço
carinho nas costelas do
meu que me mostra gentilmente
seu canino esquerdo.
coisa que eu só sei fazer
com o direito.

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a quarta estação

eram ferozes, feras ferozes, que vinham sentiam o piscar dos olhos, as pálpebras dobrando, arrefecendo. nisso que saíram, aos poucos, casais de muitos tipos, os dentes sobrando pra fora, a boca mordida pra dentro, lábios carnudos. vultos ou sombras, aquilo que se espiava, o mudo o mudo barulho que se ouvia.

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Dois poemas

Canta a Deusa às Musas invertidas
A cólera de Lethes, a moderna filha:
Museográfica flama, ars do passado,
Da ruína da história, um esquecimento
Da Memória.

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Poema de Bianca Pataro

o silêncio é uma estrada e a distância cavada pelo vazio é intransponível
cada passo dado é um desvio entre frases suspensas,
traçado de fuga aberto em picadas na longa vertigem erguida pelo nada dito

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A revanche do sagrado: entrevista com Edimilson de Almeida Pereira

“Esse dilema do processo de criação é uma outra maneira de ressaltarmos a tensão ‘enraizerrante’, que confere à experiência poética a possibilidade de dizer-nos que aquilo que nos fixa no tempo e no espaço, na vida pessoal e coletiva só o faz porque se move e se transfigura continuamente.”

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conceição

eu apago a luz do jardim
e fecho as persianas

a lagoa lá longe
com suas colunas de luz

e a moldura das árvores
que sucessivas gerações

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IV

Às vezes, quando choro, procuro um
sobrepeso qualquer no corpo, um distúrbio
qualquer no rastro.  O baque e todos nós
na beira do caminho, em conformidade com
as rochas que não conseguem subtrair os
próprios esforços…

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