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foram os surubins a inaugurar a oralidade

agosto, 2025

I.

estranhas as tilápias

no teu rio,

matutas.

este tambaqui não é daqui,

bem sabes.

II.

ao abrir o rio

com as têmporas

sentes areias,

fluxo exógeno

de mexilhões-zebra.

III.

queres mergulhar na noite,

beber pirás e estrelas.

navegas no céu noturno,

cheio de fonemas.

IV.

também tu és

peixe-lanterna

criando luz nas têmporas,

para remar

na exsurgência

da escrita.

V.

conta a história

de teu bagre-pintado

aos pequenos

do teu território.

imortaliza o peixe

através da tua

história-memória

VI.

choram os astros

de memórias do piau.

e em teu olho d’água

nascem

palavras-piabas.

VII.

o ferro nos adjetivos

o cobre nos predicados

o alumínio nos sujeitos

são cacofonia nas várzeas

assoreadas-atingidas

da sua foz-voz.

VIII.

tu e o surubim

inauguram

com bexigas natatórias,

a mesma fonética.

reconquista a linguagem,

restaura a margem.

IX.

a água

te mostrará o caminho,

todo caminho é linguagem.

dela não sairás vivo,

sairás verbo.

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