Este trabalho foi criado para a série “Co-sentindo com ternura radical: ações rituais de arte-vida para ressintonização metabólica” com curadoria de Dani d’Emilia, Vanessa Andreotti e coletivo Gestos Rumo a Futuros Decoloniais. O artigo original, em inglês, foi publicado em novembro de 2022 na revista Arts Everywhere e está disponível aqui.
Exercitar a “Ternura Radical” à luz dos conceitos de Qi e Vazio manifestos na cultura Chinesa
“(...) O que há entre o Céu e a Terra é semelhante a um fole: Vazio, mas inesgotável, E seu movimento produz um sopro que reaviva a chama (...)” “(...) O Céu e a Terra perduram eternamente. Perduram eternamente porque não vivem para si mesmos (...)”— Lao Tsè, em Tao te king
Neste artigo eu vou compartilhar o que tenho praticado e pensado sobre Corpo, Espaço, Movimento e Vazio desenvolvido a partir da minha prática com o Qi Gong. Proponho o encontro do conceito de Qi e de Vazio, expressos na cultura chinesa, com alguns versos do texto “Co-sentindo com Ternura Radical”, para formular pequenos rituais que poderão ser incorporados no dia-a-dia das pessoas que entrarem em contato com o presente artigo. Os rituais, apresentados nos vídeos ao longo deste texto, nos ajudarão a exercitar o Vazio através da retomada de um acordo primordial que foi rompido pela nossa sociedade: Nós, e todos os seres que aqui estão, somos frutos do abraço amoroso e de um acordo íntimo que o Céu tem com a Terra e esse acordo se dá através do respeito e da manutenção do Vazio. Dois pontos fundamentais para exercitarmos:
- Restabelecer o espaço Céu e Terra em nós para resgatar paulatinamente as dimensões espaciais perdidas.
- Refazer os acordos com o Vazio, para poder reformular nossa existência no mundo.
Para exercitar o Vazio não é preciso retornar a nenhum tempo histórico ou a nenhuma civilização longínqua. O vazio não pertence a nossa história, o vazio é a lei primordial, sempre esteve e nos acompanhará até o fim dos nossos tempos. Levar em consideração o Vazio, ou criar práticas para cultuar o Vazio, pode ser um meio para restabelecer a nossa integridade e nos fazer perceber a urgência de habitar e conviver com e para os outros. Isso pode ser treinado, o vazio pode ser algo a ser praticado! Cultuar e respeitar o vazio poderá nos livrar da desnutrição ocasionada pela ficção que é reforçada e praticada em escala global, esta ficção que nos ensina que já não precisamos mais do mundo e nem dos outros seres e entidades.
Nós desistimos do espaço. Nós desistimos do Céu e da Terra e seu grande entre. O par Céu – Terra não é mais a fonte nutridora da nossa civilização. As duas entidades primordiais foram suprimidas e rebaixadas pela noção de território, pela noção de história que se desenvolve no tempo e, sobretudo, pelo projeto humano de achar que pode aperfeiçoar e evoluir como humanidade num crescente sem fim e até mesmo sem mundo.
O espaço é a única realidade que pode amparar os nossos corpos e nos devolver encantamento, flexibilidade, força e equilíbrio. O que temos que fazer é devolver paulatinamente as dimensões perdidas para que o nosso corpo tome posse de sua existência. Treinar o corpo sem levar em consideração o equilíbrio dinâmico que ele tem com o espaço e com os outros seres é retirar do organismo a potência de se regular com e para o espaço real.
Nos tornamos seres desnutridos de espaço e, em nossa ficção, reduzimos o espaço ao máximo até acharmos que a terra nos pertence, e somente a nós, e tudo que existe deve ser derrubado, violentado, saqueado. Em nosso delírio, já não precisamos mais da terra, ela foi reduzida a noção de território e agora que o território produziu nossa história podemos nos destacar dela e migrar para nosso próprio mundo: as telas.
Céu e Terra, o grande fole, virou uma mini caricatura que seguramos na palma das mãos, que pode ser movida pela ponta dos nossos dedos, de onde se vive com o mínimo de movimento em um incessante despertar mediocrizado de emoções que são produzidas por esses dispositivos.
O equilíbrio e a autorregulação só serão possíveis através da restauração da nossa relação com o espaço e com o Vazio. O nosso organismo necessita compor com o espaço, ele existe em relação ao espaço. Nossa ruptura com o espaço gera descompasso, estamos refinando nosso corpo na ambiência virtual enquanto nosso organismo segue o fluxo do espaço real, neste descompasso vale a pena perguntar: como está a performance do nosso espírito? Podemos checar através do movimento respiratório, de tensões crônicas e dores compartilhadas. Talvez as dores sejam um ponto de encontro entre as performances que não se comunicam mais. Trocamos a composição pela fragmentação e o nosso desafio é viver sem a vida e sem a relação primordial que a sustenta: o vazio gerado pelo Céu e Terra.
O ser precisa de uma ambiência com a qual possa se integrar e a partir de então compreender-se e manifestar-se com a consciência justa de quem está integrado ao todo. Estar no espaço sem saber como senti-lo e corporificá-lo é estar despossuído da tecnologia da sobrevivência, anular o sentido da existência e, portanto, treinar para interromper o fluxo e o sentido de continuidade. Seguimos desrespeitando o espaço e nosso organismo, sentados e com mini mundos nas mãos, e já quase sem movimentos, entristecemos nossa coluna e desencantamos nosso espírito.
Para que treinamos práticas milenares? Uma resposta possível:
Treinamos para desmembrar a humanidade do projeto humanístico
moderno, treinamos para lembrar e refazer os acordos com o Vazio.
Treinar e cultivar o Qi – A prática do Qi Gong
Qi é um conceito chinês que relaciona matéria e energia.
“O grão de arroz que estoura ao ser cozido ou digerido libera um vapor que sobe acumulando-se.”
“A variedade infinita de fenômenos no universo é o resultado da contínua união e dispersão do Qi para formar fenômenos de vários graus de materialização. Essa ideia de agregação e dispersão do Qi é discutida por muitos filósofos chineses de todos os tempos.” “O Qi é um estado constante de fluxo em estados variáveis de agregação. Quando o Qi se condensa, a energia se transforma e se acumula em forma física; quando se dispersa, o Qi origina as formas mais sutis de matéria. O Qi é uma energia que se manifesta simultaneamente sobre os níveis físico e espiritual.” Maciocia , em Fundamentos da MTC
“Os seres vivos, cuja visibilidade é o corpo, são as formas particulares do sopro (qi) que são distintos das formas concretas sem ser separáveis delas. As formas (xing) não são nada, não existem, sem esses sopros que as informam e transformam. Por outro lado, os sopros só podem ser apreendidos nas formas e pelas formas...” “Os sopros são a expressão mais real do trabalho operado nas formas. Eles são, portanto, aquilo sobre o que trabalha quem deseja manter a sua plena capacidade física e mental.” Elisabeth Rochat, em Os 101 conceitos-chave da MTC
Segundo o conceito de Qi desenvolvido pela cultura chinesa, tudo o que somos são estágios da mesma substância que se adensa ou dispersa, e que forma e energia são indissociáveis. Quando nos movimentamos com consciência podemos promover o diálogo dessas substâncias e provocar adensamento ou dispersão, entradas e saídas, descidas e subidas dos movimentos mais sutis que circulam em nosso corpo. Em outras palavras, podemos cultivar esse corpo e promover a livre circulação.
O Qi Gong é um tipo de treinamento para cultivar e circular a energia. O Qi também é chamado de corpo de sopro, ou energia vital.
Para entrar em contato com este corpo, com essa substancialidade menos adensada e portanto mais sutil e rarefeita, é necessário refazer os acordos com o nosso corpo físico, reconhecer na densidade da forma os espaços vazios. Liberar espaços e soltar as tensões para acessar os movimentos internos e, sobretudo, promover o encontro de todos esses estágios distintos da mesma substância que constitui nosso ser. A prática do Qi Gong tem como intenção o refinamento da relação forma e energia, a fim de cultivar e transformar um estágio em outro, do denso ao sutil e do sutil ao denso, promovendo assim fluxo e equilíbrio em nosso organismo.
A compreensão de equilíbrio, deste ponto de vista, se dá na orquestração dos movimentos internos e externos e, ao contrário do que pensamos e praticamos em nosso cotidiano, a forma não é rígida, ela está em trânsito num jogo infinito entre denso e sutil, agregação e dispersão. Pensar e praticar a forma como algo em trânsito pode nos ajudar a reorganizar o nosso cotidiano, rever as nossas posturas e atitudes para respeitar processos vitais que não podem ser deixados de lado.
A Medicina Tradicional Chinesa é indissociável da ideia de movimento e suas teorias são baseadas na compreensão da vida e na manutenção da saúde através do movimento. Assim, percebida em movimento, a literatura médica chinesa e as artes corporais derivadas desse saber nos alinham entre o Céu e a Terra e, perante esses dois gestores da vida, podemos repensar e criar estratégias para viver o nosso tempo com flexibilidade e sem maltratar o organismo.
A importância de fazer pequenos rituais e cerimônias
“Tudo que existe está tentando se unificar com este todo, toda Cerimônia existe para unificar, reunir, trazer à unidade. (...) Se não temos cerimônias o suficiente em nossas vidas, logo nos sentimos vazios, tristes e desespiritualizados. (...) Mas o que estamos realmente sentindo é a fome natural do self pela conexão com o vasto Self. E isso só acontece através das cerimônias.” Xamã Bela Flecha Pintada-Joseph Rael, em Cerimônias do Espíritos Vivo
“Na África Antiga, o símbolo da epifania que é a humanidade era a semente que se enfia na terra, que morre, renasce e produz tanto a árvore e o fruto quanto a vida. É, em grande medida, para celebrar a vida que os africanos antigos inventaram a fala e a linguagem, os objetos e as técnicas, as cerimônias e os rituais, as obras de arte e também as instituições sociais e políticas.” Achille Mbembe, em Crítica da Razão Negra
Para buscar a unidade segundo Bela Flecha Pintada, uma das coisas que necessitamos fazer é cerimônia, pois as cerimônias existem para trazer a unificação, integração, reconhecimento que fazemos parte desse espaço amplo e em constante transformação.
Quando nossos dias seguem sem sentido, principalmente pela constatação que nada mais pode ser feito para transformar nós mesmos e as coisas que construímos, sobretudo com os nossos corpos diante do profundo adensamento que nos encontramos, neste ponto aparentemente sem saída, necessitamos realizar algo que nos devolva ao estágio mais sutil ou originário, ao estado de manifestação, de sonho. Para voltar a origem é necessário um trabalho consciente que pode ser feito através da cerimônia.
Cerimônia, à luz deste ensinamento, nada mais é que trazer a consciência aos nossos movimentos e realizá-los coletivamente com a intenção de construir procedimentos que possam devolver as coisas adensadas ao seu estágio primevo. Nesse movimento de trânsito da matéria, mudamos psiquicamente a relação dessa coisa com o todo e assim ela pode voltar ao seu estágio original, os seus estágios de sonho.
O conceito de Qi, da cosmologia chinesa, aplicado à medicina e às artes corporais, pressupõe que toda a matéria, que é fruto do cruzamento do Céu e da Terra, é construída de Qi. A matéria mais densa é um estágio de agregação do Qi e essa matéria, que mesmo densa nunca deixou de ser fluxo, vai desagregar e voltar ao seu estágio originário ao passar do tempo.
O que proponho nesses pequenos rituais são treinamentos a partir de exercícios e ações simbólicas, para refazer nossos acordos entre céu e terra e nos nutrirmos da tecnologia que está em nossa anatomia e em nossos movimentos, na tentativa de buscar outras estratégias para cultivar a vida e todas as nossas relações.
Ações para Ternura Radical: Rituais para Acessar o Vazio
Cerimônia-convite 1:
Treino para lembrar que somos efêmeros residentes
“Escute autoridades não-humanas e cuide da nossa relação com elas” (Co-sentindo com ternura Radical)
Escutar, saber ser um mediador entre o espaço Céu e Terra. Escutar Céu e Terra e nos comportar como efêmeros residentes. Estar em comunhão com o Entre, com o Vazio, e todos os seres que compartilham desse espaço sagrado promovido pelo Céu – Terra.
A visibilidade, a forma, pode ser entendida como uma agregação temporária do sopro do qual se constitui o Céu e a Terra, o seu invólucro e o espaço entre eles. O corpo, como tudo aquilo que é visível, compõe o “Entre” através de uma efêmera residência. Nós, que assumimos temporariamente essa forma, somos compostos de estágios distintos de agregação e dispersão da matéria sopro. O corpo é um exercício de composição entre denso e sutil, visível e invisível, sustentação e movimento, e só pode ser em relação. O corpo transita constantemente sem eleger uma qualidade para permanecer, o corpo não quer permanecer, ele necessita transitar. O organismo não elege, ele compõe. É necessário respeitar e treinar a impermanência. Transitemos, até a dispersão total que nos fará perder as características dos viventes.
O Qi gong é uma prática alquímica para transformar a essência em Qi e o Qi em espírito.
Três tesouros (Espírito, Sopro, Essência) Essência - localizada no baixo ventre, dantian¹ inferior. Qi - localizado no peito e estômago, dantian médio. Espírito - centro da cabeça, dantian superior.
Experimentar os efeitos de frequentar outras densidades, fazê-las conviver ao mesmo tempo sem eleger o que é você, sem eleger um tipo de padrão mental que vai acabar por moldar sua forma física e consequentemente a maneira de transitar, circular sua energia. Forma e energia são um único movimento com diagramações e densidades diferentes.
Ser firme e flexível no mesmo gesto, sem eleger
Ser forte e suave no mesmo gesto, sem eleger.
Cerimônia-convite 2:
Esvaziar o Coração
“Guarde luto pelas suas ilusões, se fermente,
composte suas merdas”
(Co-sentindo com Ternura Radical)
“Uma tempestade não dura o dia inteiro.
E quem os produz?
Se o Céu e a Terra não podem fazer o excessivo perdurar,
Pode o homem fazê-lo?”— Lao Tsè, em Tao te king
O coração se encarrega de todas as emoções, a arte do coração consiste em saber esvaziar-se.
Cerimônia-convite 3:
Restaurar o vazio das articulações
“Entenda que o corpo da terra não é a extensão do corpo humano, nós é que somos a extensão do corpo da terra” (Co-sentindo com Ternura Radical)
“Trinta raios convergentes unidos ao centro formam a roda,
Mas é o vazio central que move o carro.
O vaso é feito de argila,
Mas é o vazio que o torna útil.
Abrem-se portas e janelas nas paredes de uma casa,
Mas é o vazio que a torna habitável…”— Lao Tsè, em Tao te king
Nosso corpo é cheio de espaços vazios, concretamente podemos ver esses espaços em nossas articulações. Esses espaços promovem movimento e nos permitem deslocar, descansar e se alimentar de espaço. Os vazios têm que ser preservados, é através dele que garantimos a saúde de nossa espécie. Como nos mostra o verso do Tao, tudo que construímos consciente ou inconscientemente é para gerar espaços vazios.
O vazio é o que promove o movimento. A falta de vazio em nossas articulações está limitando nossos movimentos, prejudicando nossa organicidade e, sobretudo, trazendo a falsa ideia de que nossa matéria é fixa, que a forma é algo que não tem plasticidade e que, portanto, não se regenera. Voltar para o vazio das articulações e para o intervalo entre o céu e a terra é algo que podemos fazer para lembrar que nós somos uma extensão da terra.
O corpo é espaço e é através do espaço que ele se compõe. Não usamos mais esses espaços nos nossos afazeres diários, pois a tecnologia das coisas inanimadas mudou o estatuto dos objetos portadoras de informação, estão ocupando o lugar das entidades primordiais Céu e Terra e estamos intimamente envolvidos e encantados com o sagrado espaço condensado e reluzente que portamos nas palmas das mãos. Poderíamos nos perguntar: Por que o nosso corpo virou um depósito de dores e angústias, uma espécie de terreno baldio do capitalismo, enquanto os objetos reluzentes estão cada vez mais refinados e suprimindo nosso corpo e espaço?
Corpo e espaço não podem se manifestar separadamente, necessitamos rever os acordos com o Vazio para reformular nossas escolhas e liberar a Terra do nosso limitado projeto humano. Precisamos refazer os acordos com o que em nós é vazio, o vazio por excelência, os espaços articulares, são eles que promovem o fluxo. A mudança de um movimento para o outro é sempre mediada por um vazio.
Ações performáticas
Performance 1:
Diante do altar que é o outro
“Dissolva os limites e o peso do seu corpo permitindo que outres se movam através, com e por você” (Co-sentindo com Ternura Radical)
“Manter o corpo e alma sensível na unidade,
De modo que não possam separar-se.
Conter a força vital e torná-la dócil,
Para ser como o recém-nascido.
Purificar-se, abstendo-se de perscrutar os mistérios,
Para permanecer íntegro.
(…)
Gerar a via e mantê-la, produzir sem apropriar-se.”— Lao Tsè, em Tao te king
O mistério é um altar e quando caminhamos juntos ofertamos essa carga de vida e de morte, ofertamos a nossa transitoriedade e o nosso fluxo em comunhão com os movimentos originários, ofertamos a matéria prima que nos foi concedida pelo planeta para vibrar por aqui. Diante do altar, em pausa e silêncio, sinto dançar a vida e a morte, e me diluo no ritmo e nos movimentos universais.
Performance 2:
Pendular, retribuir a grande dança que me gerou
“Se desarme, se desentulhe e se descentralize” (Co-sentindo com Ternura Radical)
“… quem pode, como a água, permanecer em repouso até
que a lama assente?
Quem pode permanecer imóvel até o momento da ação?”— Lao Tsè
“Lembre-se que o buraco é sempre mais embaixo” (Co-sentindo com Ternura Radical)
Estar pode significar: transitar constante entre todos os movimentos. Estar é transportar uma carga de vida e morte que se compõem em um grande acordo. Estar é um ritmo que pulsa junto e se autorregula. Estar é a beleza da efemeridade das coisas vivas, é aquela porção nossa que não se esgota e a qual não temos o direito de violar, por isso, se mantém em segredo e distante de todos nossos aparatos sócio tecnológicos. Estar é o mistério que conseguimos exalar quando compartilhamos algo. O mistério toma forma sem se revelar através da composição do espaço vazio com corpos vibrantes.
Espero que todos os corpos que por aqui estão dancem. Dançar é uma forma de cultivar o vazio. Dançar é uma forma de encantar a matéria.
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1 – Dantian (campo de cinábrio), regiões do corpo que são sedes de transformação e refinamento. Através do cultivo interno a essência se volatiza e se transforma em qi (sopro), o sopro circula e se transforma em shen (espírito), o espírito em plenitude atinge a pureza do wuji (estado de vazio) e governa o corpo.