cinemas
aproxima-se o poema
estão imóveis na sala
sou a que brinca de dedos
estes cruzados em riba
não sei dos medos, ou seja
das pontas
aqui quando tocam
exigem coisa de mim
quando olham
já não há nada aqui
nada pra mim
estou em pé agora, e caindo
agarro a mão, o pó, a pedra
recorro ao último desejo, essa festa
minha irmã, grande festa
o derradeiro sonho em que todos se encontram
e me margeiam.
atelier
uma certeza, a de que está num quarto
fechado e cheio de plantas. Pensa encerrar-se
sem risco. Ou talvez simular
o seu sonho.
senta na borda da cama
primeira coisa a fumaça
não deu seis horas já está pronto a moldar
o seu barro
pensa evitar assim esses olhos
sempre entre as folhas. Deles só desvia o tom
e mais nada. Conduz às obras
não sabe como que voltou a ser
o próprio esteio. Pendem seus braços
mal quer saber de si. A gavinha
em suas bordas.
alcance
dedicar-se a contemplar novamente
as boas imagens
tempo em que as outras gritam
seladas na memória elas estão voltando
apressar-se em ocupar a lembrança
de novas estampas, se não estão na vida
talvez estejam nos filmes. Profundidade de campo
nessas árvores, ter a certeza de que o fim será
calmo, ele precisa como as árvores não ter
nenhum horizonte, a linguagem sendo assim
fria como a droga
em meu sistema, eu penso mesmo que ninguém virá
tempo passando nas folhas
classes de verde, elas estão voltando.