A cabeça um fervo,
mistura de afeto
piadas que perdem
qualquer lastro
com a graça da quebra inicial –
cesura no claustro –
e continuam no embalo,
no frevo,
já na sua terceira, quarta
variação modal
“a gente não é essa merda toda”
Não somos mesmo,
mas temos arestas duras
que raspamos uns nos outros
Tem muita gente aqui dentro
(eco
eco
eco)
cacos
soltos
balangando
num saco de pano
o abjeto
já-já se inteira
em ato
“Tavam só esperando pra empacotar
isso aqui tudo”
Ailton Krenak sobre Atenas:
parece que a gente tá no Crato
Palavras fincadas
ruínas que reverberam
em tantas vocalizações
quanto há gargantas
(Canudos, escarpas,
cabras, siriemas
antas que deviam
de ter mas não tem)
Aquele hiato
danado
entre a imagem
e o movimento
caixa de ressonância
do tamanho do mundo
(pelo menos)
lugar onde se demora
quase tudo quanto é vento