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Novos caminhos da poesia norte-americana

abril, 2014

O “Poetry Slam” começou em 1984, nos EUA, quando um operário, num bar do subúrbio de Chicago, propôs uma nova forma de apresentação poética. Nessa mesma época, a academia norte-americana tratava a poesia como uma arte sem público. Longe das formas tradicionais de sarau, o movimento seguiu fora dos muros da Universidade com um esquema, no entanto, bem caro ao povo estadunidense: a competição. Os poetas apresentam seus trabalhos originais num recital e são julgados pelo público. Quem tem melhores votos avança. Qualquer um pode participar e o júri é escolhido aleatoriamente entre membros da plateia.

Nos anos subsequentes, o gênero foi ganhando cada vez mais adeptos e contradisse a visão hegemônica da academia. A competição alcançou patamar nacional, internacional e, atualmente, um dos canais no Youtube dedicado ao “Poetry Slam” conta com 25 milhões de visualizações. Universidades e escolas estadunidenses também o incorporaram nas suas atividades e possuem times que competem por todo o país.

Sendo uma forma de expressão poética em espaço alternativo ao tradicional, com uma relação mais franca entre o público e o poeta, a questão política de como as pessoas envolvidas mobilizam suas identidades é fundamental. A voz das minorias aparece como um aspecto de extrema importância na avaliação estética das obras. Mas, por se tratar de uma competição na qual há vencedores e perdedores, o próprio discurso destas minorias pode se ver atrelado à uma questão de “autenticidade” que relega, em grande parte das vezes, a um segundo plano, a poesia como tal – passando a importar, prioritariamente, a performance do indivíduo, assim como sua apresentação enquanto forma identitária. Apesar disso, a qualidade varia enormemente e muitos participantes do “Poetry Slam” se lançam em percursos literários com prestígio em outros círculos.

O vídeo escolhido exemplifica uma nova fase na disseminação desse tipo de arte poética na era digital. Originalmente recitada em um “Poetry Slam”, a poesia foi gravada durante a competição e  posteriormente filmada por um cineasta neste vídeo, no qual o autor recita em outro espaço a sua obra.  Desta maneira, com um público ainda mais expressivo do que os presentes na competição, abre-se a possibilidade de um relacionamento distinto com o artista, um relacionamento que ressignifica o contexto de produção da obra, deixa de lado o aspecto competitivo e pode focar mais no seu lado artístico.

 

 

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