Mareorama
uma coluna tão reta
às 11 da manhã
numa praia deserta
porque é dia de semana
é um convite a matar
todas as aulas
…
uma coluna tão reta
às 11 da manhã
numa praia deserta
porque é dia de semana
é um convite a matar
todas as aulas
…
como poderia enfrentar o mundo conforme a banda pede um sorriso e não sei dizer mais nada completo a palavra e fecho os olhos no intuito de não saber o que escrevo mas ainda assim eu sempre sei o que escrevo no segundo seguinte por exemplo desaparece qualquer vontade qualquer insistência mais aguda um plano ecumênico…
Meditamos sobre a morte e permanecemos atentos
ao uivo da noite. Todos os dias acordamos e,
como se olhássemos o mundo, abrimos a janela
do quarto, a cortina da sala. Do outro lado os
prédios, as ruas, os cabos telefônicos. Do outro
lado as praças, as praias, os carros…
Quando o tsunami chegou como sempre sem ser anunciado
eu levava na mochila o ‘Óleo das horas dormidas’ do Leo, livro que aliás o Leo tinha me mostrado logo após uma onda
estranha que também havia levado alguns de seus pertences
…
quem te dá nome
te fere te fura
nem fome oferece
nem some figura
que mundo ignora
não cora não cura
madeira que seca
num fundo ternura
te cheira e consome
te peca insegura
…
Churchill faz pizza de mussarela
e distribui aos ratos de nova iorque.
Aristoteles corta os pulsos,
não quer mais viver.
Levi-Strauss enlouqueceu,
mas não deixa de tomar café
na quinta avenida às 3 p.m em ponto.
…
diríamos: pedra sobre
pedra, um gesto – animal
feroz que dissimula as
mordaças. eu pousaria
minha testa sobre a
tua. diríamos: névoa
embaraçosa, ferro
sobre fogo, uma tosse
durante o dia, um
embalo prosaico à tarde.
Se perdeu entre outras linhas
Retas, curvas, sobrepostas, cruzadas
Tangentes à razão e à insanidade
…
é o menino
que pra onde foi menino?
da mesma mãe de palavras
e por tantas outras
talvez sim menino
plural dele mesmo
fugiu de sua casa
tinha lá as suas coisas
de brinquedo
de menino