para pamella
o poema estica as mãos pro alto
pra alcançar as frutas no pé
como quando eu tinha dez
e minha irmã oito
o poema estica as mãos pro alto
pra alcançar as frutas no pé
como quando eu tinha dez
e minha irmã oito
eu, novamente,
preparo o café da manhã
enquanto você arranca meus cílios.
vou me desfiando
falando pra você não correr assim tão depressa
sobre o meu deslize.
Até as minhas cascas
alérgicas
os travesseiros
de pedras
cada esmalte
velho na caixa
cada verso
abandonado
junto a poeira
acumulada
…
ou tua forma
inevitável um ponto
cego agudo grave
um pequeno caminho
da ponta do teu pé
até teu cotovelo
um horizonte visto
por cima um oceano
…
meu dedo nervoso ácido cosmopolita
reembarca nos horizontes fantasmagóricos
de outrora
meu dedo sublinhado por
ecos por ogivas cada vez menos possuídas
(…)
o século XXI
de epifanias plásticas, soluções rápidas e ligações gratuitas
o século vi-te em um
rentável, sustentável, (politicamente insuportável), insolúvel (…)
Me pierdo y no,
no,
no me piedro.
Inmóvil, inerte.
Inmóvil, (in)sepulto
– a veces.