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conto

Chopin e Mendelssohn

Havia uma mulher que reclamava o tempo todo, toda noite a mesma música através da parede, ou seja, depois do jantar, os vizinhos velhinhos, marido e mulher, pontuais como um trem, chegam ao piano, e a mulher toca a mesma coisa, começava com algo triste e depois uma valsa. Todo dia, churúm-burúm, tatati-tatatá.

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Sonho de uma flauta

– Toma – disse meu pai, e entregou-me uma pequena flauta de osso – leva isso e não esqueças teu velho pai, quando alegrares com tua música as pessoas nas terras distantes. Já é tempo de agora veres o mundo e aprenderes alguma coisa. Mandei fazer a flauta para ti, porque não sabes nenhum outro ofício e só gostas de cantar.

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Aconteceu ontem mesmo

uns uns, os que vieram, e trouxeram roupa comida agasalho. e diziam e comemoravam e andavam às custas dos outros, os que vieram, e depois disseram que não vinham mais. não se soube mais disso ou daquilo disso ou daquilo, foi-se, como se foram os mancos, os outros e os que vieram depois. de início todos quiseram participar, chegaram e trouxeram bebida comida sentaram à mesa.

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O que nos encosta na alma

Não se trata de uma crítica, isso é apenas uma espécie de carinho. Um carinho torto, eu sei, mas talvez também seja uma forma de fazer você despertar desse coma. Uma maneira de fazer com que você perceba que não há nada mais triste que vê-la chorar.

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Em uma clareira era noite

Em uma clareira era noite. Preguiçosamente surgiram de dentro do escuro três animais. Dois, que eram da mesma espécie, chegaram fazendo companhia um ao outro, e o terceiro, solitário. Curiosamente este vinha falando, enquanto os outros dois se vinham calados (já que passaram o dia juntos tinham se acostumado à companhia um do outro e nada de novo tinham do que falar).

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Em pedaços

Do que tinha, nada a faltava.

As denotações improváveis geravam prováveis paradoxos em um litoral de pensamentos que questionava se esse mar realmente a pertencia, pois andava com uma bússola sem norte. Quantas impressões a deixavam uma cachoeira aprisionada. Queria uma vida com o verbo resetar em que um marca livro virasse um marca texto.

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A coisa nome

A professora, o diretor do colégio, as secretárias e os funcionários, as crianças em filas por série, dentro de cada fila uma escadinha de alturas. O som do disco antes de entrar a música parece lenha estalando no fogo.

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O poeta está só

Carregando uma pesada cruz entre o que escrever e o que retirar de sua antologia poética, o poeta era interrompido paulatinamente por sua necessidade de se libertar. Havia cinco anos, ele trabalhava incansavelmente na construção de textos que fossem capazes de atingir a forma perfeita, a invencibilidade, o Kitsch de todos os tempos.

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Hoje à tarde fez sol mas é noite e chove

Meditamos sobre a morte e permanecemos atentos
ao uivo da noite. Todos os dias acordamos e,
como se olhássemos o mundo, abrimos a janela
do quarto, a cortina da sala. Do outro lado os
prédios, as ruas, os cabos telefônicos. Do outro
lado as praças, as praias, os carros…

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conto chileno nº1

aos nove anos chorei pela primeira vez com um poema. não sei se era bandeira ou bilac se neruda ou cecília. ou os quatro. fui com minha madrinha ao centenário de neruda. o consulado costumava chamar sempre a comunidade chilena pra essas atividades. era no auditório da abl e algumas pessoas deveriam falar. eu tinha nove anos. fomos eu e minha madrinha ao centenário do poeta chileno pablo neruda. o consulado, que naquela época fazia grandes bailes e distribuía grandes prêmios, promovia um evento no auditório do prédio anexo.

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