Se você já andou pelas ruas cariocas, deve ter visto esse nome escrito em alguma superfície – seja ela o concreto, o azulejo, o cimento etc. Billi é onipresente nas ruas cariocas e mesmo arredores – dizem que sua fama se estende por todo o Estado. Pode começar a reparar. Vão existir poucos lugares na cidade em que Billi não tenha deixado a sua marca. Um ícone e verdadeira lenda do xarpi carioca.

Billi carrega uma reputação que mistura realidade e mito. Relatos indicam atua como taxista, profissão que usaria como cobertura para suas atividades. Circula entre os pichadores a informação de que ele também comercializava tinta durante as ações, mas essas afirmações permanecem no campo do rumor, sustentadas principalmente por conversas informais entre os membros da cena. Sua figura, no entanto, é incontestavelmente marcante, consolidando-o como um dos nomes mais legendários do xarpi carioca.

Nesse universo, a técnica considerada mais perigosa é a escalada por janelas – ou “janelada” –, que dispensa equipamentos como escadas e depende exclusivamente da habilidade de subir pelos parapeitos e marquises. Enquanto a escada oferece certa segurança por sua estrutura fixa, a modalidade “janeleiro” é vista como um vício incontrolável por seus praticantes. Billi, no entanto, teria se destacado em outra frente: o “tintão”, prática que consiste em pichar muros suscetíveis a rápida remoção – muitas vezes apagados no dia seguinte por repinturas. A estratégia, menos técnica que as escaladas perigosas, compensa a baixa durabilidade com exposição maciça. Esses locais, frequentemente visíveis em vias movimentadas, garantem que os nomes sejam vistos por milhares, mesmo que temporariamente. Billi levou à exaustão o “tintão” e seu nome está (ou já esteve) escrito em praticamente toda parte do Rio de Janeiro.
Publicação feito com auxílio do pesquisador Vinícius Moraes.

