falo
de uma terra
onde seu nome é uma árvore
onde suas proles brotam
com nomes de plantas
de batismos e rezas
dos dias de junho
quando comemoramos
o padroeiro cruzado
nas encantarias
dos caminhos
de Exu
da Igreja de Santo Antônio
ou de uma pedra
grande vista ao longe
dos olhos ciganos
tupinambás de aboio
em cirandas abertas
em praça pública
sob a luz da lua
enxergamos além
do que as palavras
das matérias
incorporam
nas toadas dos ritmos
percutindo ora aqui
acolá
antes de findar
o passar das horas
em que recusamos esquecer
as comemorações de janeiro
das águas de cheiro
no parque de diversões
da rezadeira transformada
em mestra da festa
de Maria Machado
quem muito conheceu
muitas daquelas que
são nossas avós e tias
professoras dos tempos
desde antes de estarmos
aqui
neste torrão
onde seu nome tem
cheiro de folhas
e doces de Ibejis
rolando pelo chão
brincando com a cabaça
estourada em comunhão
por Cosme e Damião
no outubro rubro
das velas
da feiticeira mais antiga
do lugar que tornou-se
terreiro Ialodê
acaboclado
pelas águas
nascentes de infâncias
alegres e difíceis
em meio ao público
privado ao político
de cabresto
sobrevivendo a tanto
sobre tudo
voando sobre as asas
da acauã transfigurada
em líquido
a saciar a sede
da vila dos pescadores
e juremeiras
ao longo do rio
do sítio
cujo nome é uma tronqueira
cuja cor a terra canta
sobre esta banda
onde antes
tudo era planta
e animais selváticas
em meio às águas
de outrora
quando seu nome
foi inventado para ser
a fórmula do cálculo
de uma semente
enraizada
em nossos ossos
chacoalhando
tal qual chocalho de coité
do rio cayuaré
sob a fumaça das folhas
de alecrim
que este tronco
gerou
para dias e noites
de festas e danças
diante das pedras
do convento
do caboclo
de gravatá
das lajes
da colina
banhada pelo surrão
onde seu nome
é um ancestral
geminado
grão
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onde seu nome é um grão
julho, 2023
Italo Diblasi
Carolina Caetano
José Reis