Sexta-feira da paixão
eu corto a folha da bananeira
depois o cacho
depois o caule
quando cai
quase quebra o muro
a serra da índia toca as nuvens
às vezes desejo que o mundo acabasse ali
que nossas preocupações fossem
a bananeira
o cacho
o caule
que eu fosse um pescador
um passado doce
que os livros fazem acreditar
as nuvens descem a serra
o vento derrubou o ingazeiro
a rua vira barro
e alaga meu quintal
os trovões não me atrapalham o sono
pintaram as paredes de branco
inventaram cercas
e fizeram do trabalho
o único modo de vida