“[…] Foi aí que comecei a trabalhar com madeira industrializada, comecei a fazer quadros de madeira, móveis, ramos de flores, dragões, cavalos, beija flor, e aos poucos fui criando novas ideias como arte em painéis, Eu ia fazendo e colocando no salão, não tinha muita procura, mas fui estocando, usava o resto de tinta que sobrava dos pedidos, Eu não pintava telas porque não sobrava dinheiro para comprar, então fazia meus quadros de madeira, e algumas eram grossas que dava para esculpir, redondo, quadrado, retangular, fazia de tudo, fiz até garfo e faca para decorar a cozinha, o material que sobrava aproveitava o máximo, mas o que era pequeno demais tinha que jogar fora e queimar, mas um dia me deu um estralo e resolvi parar de queimar e com os caquinhos montei esculturas, empilhando e colando um sobre o outro formou esculturas super bacanas, fiz muitas, mas nunca ouve interesse em comprá-las, então tive problemas com vendas, elas empoeiravam e passava anos sem ninguém perguntar valor ou demonstrava interesse, foi ai que resolvi queimar, mas hoje isso é chamado de performance, EU digo que é desespero, mas peguei uma câmera e filmei as esculturas queimando.”
“Assim estou hoje, sendo um artista plástico com desafios de mercado, sem vender, sobrevivo da mecânica e uso o dinheiro da mecânica para conseguir manter a arte, e não para por ai, quando eu tinha ateliê passou um senhor e me disse que minhas telas eram de nível galeria, que Eu fosse procurar, pois então mandei e-mail para maioria das galerias de São Paulo, sem sucesso, recebi as respostas assim, minha galeria está lotada, minhas paredes estão lotada, o quadro de artista está completo, sua arte não é perfil da galeria, fora as outras que não responderam, mas não desisti, fui lá pessoalmente, de cara já escutei, Wesley não é o artista que vem ate à galeria, quando ele é bom, a galeria vai até o artista.”
Wesley D’Amico, abril 2018