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há sinais no sol

julho, 2016

há sinais no sol — convulso — além da conta
na lua
tão perigosamente próxima
alucinado mar em ondas
gigantes
terra que geme e se contorce
homem que pisa e mata a flor
pequena
[e sete mil espinhos estão em nossas mãos]

*

existe quando canta
por isso canta
pra existir
e morre
quando cala
[cada vez mais difícil
ressuscitar]

*

cai o silêncio sobre a língua / ávida liga de chumbo quente
matéria prima de Gutenberg
de se forjar letras / palavras / ideias
que transformadas são balas/armas
quentes
de se calar bocas
mas o silêncio grita e sai pelos olhos
de cada poro, gotas, de se molhar a terra
[dormem sementes]
tempo haverá em que tudo será canção/e o pão será farto
homens de pedra sob a chuva ácida
esperam

*

ferida da beleza
da sombra dos bambus
na lua cheia

*

poderia ter sido salva pela beleza ou pela alegria
é tudo que salva
não foi possível — não lhe mostraram o caminho
e os olhos estavam cegos
do pó
do barro que era

 

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