Cada plano isolado vale por um filme, é um filme. Foi assim que a história do cinema começou. Lumière: O almoço do bebê é uma cena simples, a mulher e a criança; por trás, as folhas das árvores se movem. Existe um equilíbrio entre os galhos que se movem e a historinha em primeiro plano. Este equilíbrio é o melhor de tudo. Cada parte da imagem vive, independentemente, e isto é bom de ver. A indústria do cinema procura exatamente eliminar este equilíbrio. Se você elimina a historinha contada num filme convencional, as imagens se tornam absurdas, sem vida. Se você elimina a historinha de qualquer de meus filmes, ou a historinha contada num filme de Dovjenko, ou nos filmes de vários outros como nós, restará sempre um jardim de imagens. E, tal como num jardim as imagens não precisam formar um conceito claro. Você nem precisa entendê-las, basta fazer o que se faz num jardim: caminhar, caminhar entre elas.