é pouca a luz
e eu aproveito
pra te pedir que
percorra o teu mangue
que disseque com os pés
o pavor do real
e só então diga
da casa das janelas
dos relógios das posturas
vai espalha a tua gosma
sobre o silêncio impossível
sente o azedo no fim da língua
manifestando o veneno do signo
e cala estes teus ruídos que
ora esmagam as coisas do mundo
você bem sabe que
qualquer brecha fermenta a dúvida
ali onde o gesto irrompe a água mansa
é frágil a matéria e seus contornos
são frágeis as magnólias mortas
somos frágeis sobre o cascalho
sobre essa coleção de insetos
debaixo dos pés
não é minha culpa
vamos seguir tentando ver o fundo
o avesso dos órgãos como é que ressoam
como é que encharcam o verbo
vamos seguir batendo na porta