
poema como quem não quer nada
queria um poema límpido como um copo dágua um viver a sede como quem ouviu o som da rede e balançou também
queria um poema límpido como um copo dágua um viver a sede como quem ouviu o som da rede e balançou também
cogumelos dissolvem na viagem lúdica a solidão residente na vontade de viver. vontade de viver é hoje uma expressão canhestra, assim como hoje é canhestra a palavra canhestra e o amor romântico. sozinho gosto mais de ouvir joão gilberto do que acompanhado, pois sozinha é a voz – sempre
A lâmina deitada – tipicamente aço – perfura o gentílico das névoas, fomenta crenças no sermão da impossibilidade – ali está o cristo enfraquecido, aberto por detrás da mão de deus. Nós, pequenos habitares entremontes, olhamos ao redor e padecemos de Oeste, vamos aceitando a inação, a tenra terra
No fundo, cada gesto performa uma espécie de palavra, uma noite quente e estrelada, o canto dos pássaros, os carros passando na rua, pessoas nos karaokês, as mãos da amada no rosto, o abraço na noite, o aconchego do colo, o piscar – ou mesmo a falta – dos olhos…
Se carrego a casa nos braços Se carregamos a casa nos nossos braços Se carregamos a casa no nosso abraço A casa não cai Mesmo atravessando a cidade Sinais abertos, fechados Pernas apressadas Cansadas Carros, corpos em trânsito Quero chegar em casa Ônibus lotado Passei do ponto Balança mas não
para João Cabral de Melo Neto Erguido em eras, novas fases, aeronaves à sorte: um dia a menos ao menos se diria, quem sabe o toque, a agonia, quem sabe o corte onde cabe a vida, ida – ir e não ir como uma ferida. De perto tudo
É pra lá que os barcos vêm e lá se mantêm firmes na escolha que fizeram e quanto mais a barco os barcos cheiram mais os barcos pesam do que neles não trouxemos do que deixamos na casa que deixamos cheia de pertences que perdemos como roupas de pessoas que
Eu acredito na delicadeza disse o martelo eu acredito em você disse o prego as mãos não disseram nada as mãos fizeram o que tinha que ser feito
você imagina uma pintura e perde o sono pois não consegue descrevê-la com as palavras ou as mãos eu, que cerro os olhos, mas desperto bem antes do sol, imagino uma casa vermelha uma montanha em 24 tons de verde este áudio – sonho pode ser ouvido uma vez e