Em via
I
ao viandante
idos os mapas
a bússola
o astrolábio
resta
a velha nau
se o corpo
fronteira aberta
nada abarca
ossos a inflarem-se
quando há força de vôo
se o amor
risco
n´areia
vaga
(onde descaminhos
onde sortilégios…)
ao viandante
resta a voz só
suster-se nela
o corpo
em queda
livre
II
os braços
pesam ocasos
insubmersos
à noite
o barco
em meio
não será preciso
velar
mais além
vozes
de pés miúdos
terão fome
dos que saem
de um sono
profundo…
Marcha dos amantes (iluminura)
malgrado fevereiro
campos desinvernavam
ao redor
madrugada ali
golfaram trompas e membros
devassos os dois
aurora nas unhas
como bisturis
restos de placenta
em pétalas
dunas brotando mamilos e dutos
procelas de sede
e inda lutavam
as línguas lesmas
malgrado a estricnina do tédio
a bala Euclides
o trem Karenina
a naja Cleópatra
o forno Plath
à sombra dos amantes
foram
seu passo de ganso sobre os escalpos
rumo a nada tomassem
a lua sem bandeiras
chaminés ao fundo.