Texto e História
Enquanto o scholarship acadêmico se perde por exemplo em discutir se Gregório foi plagiário de Gôngora e Quevedo (plagiário, um poeta do qual não se conhecem manuscritos autógrafos, por ter traduzido para o português o intrincado labirinto gongorino, quando um dos brasões de glória de Ungaretti é ter feito coisa semelhante para o italiano? Um poeta que compreendeu tão bem, com aquela “imaginação funcional” ou “sintagmática” de que fala Roland Barthes, a matriz aberta do barroco, que soube recombinar ludicamente em nossa língua, num soneto autônomo – verdadeiro vértice de um sutil “diálogo textual” – versos-membros de diferentes sonetos do poeta cordovês?