Sibemol (1956) do compositor Reginaldo Carvalho (1932-2013) é considerada a primeira obra de eletroacústica brasileira. Nascido na cidade de Guarabira, na Paraíba, Carvalho foi um dos principais discípulos de Villa-Lobos. Chegou a estudar para ser monge, mas abandonou a carreira eclesiástica para se dedicar à música. Nos anos de 1950, realizou uma viagem de estudos para a Europa sob o apadrinhamento de Villa-Lobos. Em Paris, entrou em contato com as vanguardas musicais do pós-guerra e alguns dos principais professores da época – como Pierre Schaeffer, Olivier Messiaen e Paul Le Flem. Sibemol foi composta quando Carvalho retorna de Paris para o Rio de Janeiro, e começa seu ofício de professor – mais tarde, daria aulas na recém-inaugurada Brasília, depois seria responsável pela criação do Instituto Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, a partir do Conservatório Nacioanl de Canto Orfeônico. Sua última parada seria a criação da faculdade de Música da Universidade Federal do Pará, onde se aposentaria.
Na cidade carioca dos anos 1950, então capital da República, Carvalho manteve um estúdio de experimentações sonoras – no qual, sob influência da Música Concreta, começou suas experiências eletroacústicas com fitas magnéticas e gravações de sons concretos (como rodas de bicicleta ou panelas). Os sons eram registrados em gravadores caseiros e, depois, manipulados na fita em cortes e colagens, com mudanças de velocidade, repetição etc. Sibemol é a primeira composição dessa época, e representou um marco na história da música eletroacústica brasileira – já que, naquele período, a maior parte dos compositores clássicos estavam se dedicando ao neotonalismo do nacionalismo musical.