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Sentir a existência

maio, 2025

Foto: Vitor Faria

Um dia, o menino Medo disse ao Bicho-Papão:

– Sai Bicho, hoje quero te ver.

(O Bicho saiu, tímido, depois de tanto viver embaixo daquela cama baixa, apertada para
um senhor Bicho bem nutrido e vivaz)

Saiu, e disse o Bicho:

– Olá menino Medo, há tempos esperei por esse chamado… Mas, o que foi que houve
que, no dia de hoje, resolvestes me chamar? Tivestes, finalmente, a coragem?

Ao que o menino Medo retrucou:

– Não, sêo Bicho. Sempre indaguei a respeito de meu nome, Medo. Mas medo de quê,
se em árvore subo, ralo joelho, rio no escuro…? Hoje, antes de dormir, pensei: – “Quero
sentir meu nome”. Achava que você, sêo Bicho, era só lenda, precisei ver. Vejo e,
realmente, sêo é muito feio, sinto medo.

O Bicho-Papão então, ainda não satisfeito, insistiu querendo saber o motivo do
chamado:

– Mas menino, se tu sabias que eu era feio e que, quando me visses, sentirias medo, por
que me chamou?

E o menino, com essa mágica inerente às crianças, respondeu:

– Hoje, sêo Bicho, ao invés de sonhar, quis existir.

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