Escultora fundamental no movimento surrealista, Maria Martins nasceu no Brasil, em Campanha/MG, mas passou a maior parte de sua carreira entre os EUA e a França, cumprindo o duplo papel de artista e embaixatriz. A escultora, que assinava apenas Maria, incorporou em suas obras a mitologia amazônica e a estética das religiões afro-brasileiras. A transformação de diferentes formas na metamorfose de figuras híbridas aparece frequentemente em suas esculturas. Maria também ficou conhecida devido à experimentação com materiais diversos, passando por madeiras tropicais como o jacarandá, até o bronze que a partir de seu uso inovador ajudou a legitimar como suporte na arte moderna.
Em Nova York frequentou os círculos de Peggy Guggenheim onde se aproximou de André Breton, Max Ernst, Piet Mondrian e principalmente Marcel Duchamp, com quem estabeleceu uma relação de profunda intimidade. Em vez das figuras femininas presas e sufocadas de algumas de suas esculturas, Maria encontra ao lado de Duchamp a liberdade pra criação artística; e Duchamp por sua vez encontra em Maria a materialização da famosa noiva inalcancável buscada ao longo de toda sua vida. Após a mudança para Paris, Maria se consolida como artista proeminente nos movimentos de vanguarda. Mas ao voltar para o Brasil nos anos 1950, apesar de ajudar na fundação do MAM-RJ e das primeiras Bienais Internacionais de São Paulo, Maria acaba não sendo devidamente reconhecida pela crítica hegemônica da época e cai por décadas no esquecimento.