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IV

setembro, 2015

IV

Às vezes, quando choro, procuro um
sobrepeso qualquer no corpo, um distúrbio
qualquer no rastro.  O baque e todos nós
na beira do caminho, em conformidade com
as rochas que não conseguem subtrair os
próprios esforços.  Nossa vida quase deixada
por entre os becos, por entre as praças: os
mortos de são paulo, os vivos do leblon.

Às vésperas nos deparamos com um sossego
qualquer. Talvez na tarde de um domingo quando,
inquietos, saímos para ver o jogo, para ir ao parque,
para ouvir um choro. Os mesmos precipícios que
mudam de endereço batem em nossa porta.  E
cantamos. Uns breves, outros graves: as duas
senhores de mãos dadas, uma pequena garota que
grita no parque.  A areia fina passa entre os
dedos e nós permanecemos absortos, indefinidos
no caos que se apresenta na  ruidosa tarde, que se
esconde no céu azul – a tempestade, essa ingrata,
nunca chega para a redenção. Os galhos secos que
pisamos (se alguns deles houvesse nessa
cidade), o mundo em que tropeçamos.

Às vezes, quando choro, resisto. E a tentação
que sobrevém me aparece como a morte numa
praia de janeiro.  As assombrações que reduzem
a velocidade no trânsito, as suturas que inauguram
o poema

está perdido o assunto, as luzes acabam
de se apagar.

 

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