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conceição

outubro, 2015

eu apago a luz do jardim
e fecho as persianas

a lagoa lá longe
com suas colunas de luz

e a moldura das árvores
que sucessivas gerações

de pássaros

plantaram

com seus cocôs

a figueira enraizada
o sublunar esquecido
na varanda

eu apago a luz da garagem –
alguma coisa aconteceu aqui

nos pedalinhos alugados
nos pés cortados
nos mariscos

no limo que recebe os pés
como um tapete

eu que aprendi sozinha
a deitar em pedras
que sempre acomodam bem
as costas cansadas

eu que nunca tinha pensado em voltar

até sentir de novo
as curvas
lentas
das pedras quentes
e cheias
de liquens

guardadas por rochas maiores
em suas coroas de bromélias
e barbas de velho

nossas peles secando ao sol

– fechamos a casa e apagamos as luzes

fomos felizes ali
é claro
que podemos voltar

mas não se dirige portão a dentro
no colo dos pais
pra sempre &

seu pimpa
tinha razão
quando dizia

“tudo isso, menina,
é pinto
se comparado ao pedaço de terra entre o oceano atlântico
e a lagoa da conceição
onde tu vais ser criada…”

Catarina Lins, outubro 2015

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